A suspensão da Rússia do sistema de pagamentos internacional SWIFT seria uma "bomba atômica" para a economia mundial, afirmou no domingo (16) Friedrich Merz, líder da União Democrata Cristã da Alemanha.
"Se algo assim acontecesse, você veria enormes retrocessos econômicos em nossas próprias economias. [Isso] afetaria a Rússia, mas nós mesmos seriamos prejudicados consideravelmente", prevê, acrescentando à agência alemã DPA que as perdas aconteceriam não só no comércio de bens e serviços russo-europeu, mas também no comércio mundial.
Merz sublinhou assim que o bloqueio do sistema de pagamentos à Rússia "poderia ser a bomba atômica para os mercados de capitais", pelo que é melhor "não tocar no SWIFT".
Na quarta-feira (12), senadores do Partido Democrata dos EUA apresentaram um projeto de lei que ameaça com sanções severas a Rússia caso esta realize uma "escalada militar" contra a Ucrânia.
As restrições se aplicariam a militares russos e funcionários do governo, incluindo o presidente Vladimir Putin e o primeiro-ministro Mikhail Mishustin, além das principais instituições bancárias. Além disso, seria proibido o funcionamento do SWIFT e o Nord Stream 2 (Corrente do Norte 2) também poderia ser afetado.
Dmitry Peskov, porta-voz presidencial russo, advertiu contra a possibilidade de implementação dessa iniciativa.
"Potencialmente, sanções deste tipo podem levar ao rompimento das relações entre nossos países, o que não vai corresponder nem aos interesses de Moscou, nem aos de Washington", disse, mas garantiu que "somos um país bem grande e muito, muito autossuficiente para ser vulnerável a essas sanções, vocês devem compreender [isso]".
Os países ocidentais têm aumentado nos últimos anos a cooperação com Kiev, incluindo na área militar, investindo em novos armamentos e bases no país, conduzindo exercícios militares conjuntos e até implantando navios no mar Negro, apesar de a Ucrânia não pertencer à OTAN. Moscou aponta esses passos como a razão da atividade militar da Rússia dentro de suas próprias fronteiras, perto da Ucrânia.
Em dezembro, o Kremlin apresentou um projeto que visava reformatar o ambiente de segurança europeu, sugerindo a não colocação de mísseis e militares pela OTAN na proximidade com a Rússia, o mesmo acontecendo no sentido inverso. Além disso, a Aliança Atlântica teria de deixar de se expandir em direção às fronteiras russas e seria parado o aproveitamento militar dos países que se juntaram ao bloco militar após 1997.