O interior da Terra poderá arrefecer mais rapidamente do que pensávamos, observaram cientistas da Suíça.
O interior rotativo terrestre gera o campo magnético de nosso planeta, que os cientistas creem estar protegendo a vida na Terra. O mesmo acontece com a convecção do manto, a atividade tectônica e o vulcanismo, que estabilizam as temperaturas globais e o ciclo do carbono. A temperatura no núcleo da Terra tem arrefecido há 4,5 bilhões de anos, desde quando ela se formou, significando que o núcleo se solidificará, parando a atividade geológica do planeta.
Para testar a verdadeira velocidade de arrefecimento do interior terrestre, uma equipe de cientistas do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, na Suíça, liderada pelo cientista planetário Motohiko Murakami, realizou experimentos com lasers pulsados que determinam a velocidade de condução de calor pelo bridgmanite, um mineral localizado na fronteira entre o núcleo externo de ferro-níquel da Terra e o manto inferior de fluido derretido acima dele.
O experimento revelou que "a condutividade do bridgmanite é cerca de 1,5 vez maior que o assumido", indica o comunicado de sexta-feira (14), significando que a velocidade de arrefecimento do interior da Terra é maior. Além disso, o processo pode estar sendo acelerado pela transformação do próprio bridgmanite em pós-perovskita, um mineral ainda mais condutivo termicamente.
Apesar de tudo, o estudo publicado na revista Earth and Planetary Science Letters não pôde estimar quanto tempo a Terra demorará a arrefecer e não tem em conta o processo de decomposição dos elementos radioativos, que gera calor no manto terrestre e que ainda não é bem entendido.
Estima-se que a vida na Terra deverá ficar permanentemente minada já em um bilhão de anos, quando o aquecimento do Sol começar a evaporar a água do nosso planeta.