Astrônomos divulgaram uma imagem, publicada na Science Alert, da região de formação de estrelas capturada através de comprimentos de onda de rádio com o telescópio do Experimento de Desbravadores do Atacama (APEX, na sigla em inglês) revelando detalhes nunca vistos antes.
A Nebulosa da Chama, localizada próxima à famosa Nebulosa Cabeça de Cavalo, faz parte do Complexo de Nuvens Moleculares de Órion, na constelação de Órion, uma das regiões mais bem estudadas e fotografadas do céu noturno.
"Como os astrônomos gostam de dizer, toda vez que houver um novo telescópio ou instrumento por perto, observe Órion: sempre haverá algo novo e interessante para descobrir", disse o astrônomo do Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês) Thomas Stanke.
O complexo de Órion é uma vasta série de nebulosas formadoras de estrelas que se estende por centenas de anos-luz em todas as direções, começando a cerca de 1.000 anos-luz do Sistema Solar. Por ser tão próximo (cosmicamente falando) e tão grande, é um excelente laboratório para estudar como as estrelas nascem.
Estas imagens mostram a Nebulosa da Chama e seus arredores capturados em ondas de rádio e foram baseada em observações realizadas com o instrumento SuperCam no Experimento de Desbravadores do Atacama (APEX, na sigla em inglês) operado pelo Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês) no Planalto Chajnantor do Chile
© Foto / ESO / Th. Stanke
A Nebulosa da Chama é um dos muitos berçários estelares do complexo. É o que se classifica como uma nebulosa de emissão, ou seja, emite sua própria luz, ao contrário das nebulosas de reflexão, que só brilham com a luz refletida das estrelas, e das nebulosas escuras, que não brilham, mas parecem compostas de sombras, como abismos no cosmos.
O que faz uma nebulosa de emissão brilhar é a ionização dos gases na nebulosa pela radiação brilhante de uma estrela quente próxima. Como as estrelas jovens costumam ser muito quentes, os berçários estelares tendem a brilhar intensamente. A Nebulosa da Chama abriga um aglomerado de centenas de estrelas recém-formadas, concentradas em seu centro.
As estrelas nascem em nuvens de poeira e gás densos, que tendem a obscurecer sua presença em comprimentos de onda ópticos. Um instrumento como o APEX, que captura imagens em comprimentos de onda de rádio, pode capturar detalhes que nossos olhos são incapazes de ver. Em suas observações do complexo de Orion, disponíveis no arXiv, Stanke e seus colegas foram capazes de rastrear fluxos moleculares, vastos ventos impulsionados para o espaço interestelar por processos de formação de estrelas e mapear o gás molecular em diferentes regiões da nebulosa.
Os pesquisadores também encontraram uma nebulosa que ninguém havia visto antes, quase perfeitamente circular, sugerindo uma nuvem esférica sem estrelas. Eles chamaram esse objeto de glóbulo da Nebulosa da Vaca e acreditam que ele poderia ser usado para estudar a estrutura e a dinâmica das nuvens, embora mais observações precisem ser feitas para entender melhor sua natureza e propriedades.