Panorama internacional

'Exigimos uma profunda investigação': Morales acusa Bolsonaro de apoiar governo golpista da Bolívia

Após revelações de jornal argentino, o ex-presidente da Bolívia denunciou Jair Bolsonaro por supostamente colaborar com Jeanine Áñez, que se autoproclamou presidente da Bolívia em 2019.
Sputnik
Evo Morales, ex-presidente boliviano (2006-2019), acusou nesta quarta-feira (19) o governo do Brasil de participar do golpe de Estado na Bolívia em 2019 contra ele.
Na terça-feira (18) o jornal argentino Página 12 informou que Jair Bolsonaro participou de um encontro com Jeanine Áñez, que se autoproclamou presidente da Bolívia em novembro de 2019 e governou de fato o país até novembro de 2020. Nesse ano, ela perdeu as eleições presidenciais para Luis Arce, que, tal como Morales, pertence ao partido Movimento ao Socialismo.
"A presidente da Bolívia, Jeanine [...] estive com ela uma vez, é uma pessoa simpática, que está presa", disse o presidente do Brasil, citado pela Página 12, sem indicar a data e o lugar da declaração. A conversa deve ter ocorrido nos últimos meses, tendo em conta que Áñez está em prisão preventiva desde março de 2021, depois que foi acusada de "terrorismo, sedição e conspiração".
Por admissão de um presidente da extrema-direita, é comprovado que os governos de Brasil, Equador e Argentina, que estavam submetidos aos EUA, conspiraram e colaboraram com o golpe de Estado na Bolívia, que resultou em perseguição, massacres e corrupção. É o Plano Condor [campanha de repressão política e terror de Estado de 1975 organizada pelos EUA e executada por ditaduras da direita na América do Sul] do séc. XXI.
Exigimos uma profunda investigação deste atentado criminoso contra a democracia e a paz na América Latina. Está na hora de pôr um fim a golpes militares, congressionais, judiciais e inconstitucionais patrocinados pelos EUA para subjugar os povos e saquear os recursos naturais.
Andrónico Rodríguez, presidente da Câmara Boliviana de Senadores, disse que "esta informação deve ser verificada", para se poder "ver quais eram os objetivos, as finalidades desta reunião".
Em declarações à Página 12, o senador brasileiro Rogério Carvalho (PT) afirma não ter dúvida que o chefe de Estado do Brasil participou da ação.
"De zero a dez, a chance de apoio de Bolsonaro ao golpe é de dez."
"Bolsonaro dá todo o apoio a qualquer governo que seja antidemocrático, ou a forças políticas antidemocráticas", afirmou.
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