Em busca de uma reparação à memória dessas mulheres, uma resolução foi aprovada pelo Parlamento catalão nesta quarta-feira (26) por ampla maioria, com 114 votos a favor e 14 contra.
O projeto aprovado prevê que essas mulheres, que foram "vítimas de uma perseguição misógina", sejam tema de estudos acadêmicos e tenham seus nomes homenageados em ruas das centenas de cidades da região.
A reparação história destes feminicídios se justifica, segundo os proponentes, por ainda estar conectada às práticas da sociedade catalã atual, que "persegue e marca as mulheres que saem da norma".
"Antes éramos chamadas de bruxas, agora somos chamadas de 'feminazis', 'histéricas' ou 'mal comidas'. Antes, falávamos de caça às bruxas, e agora falamos de feminicídios", disse Jenn Díaz, parlamentar do Partido Republicano de Esquerda da Catalunha.
A prática de caça às bruxas, que durou vários séculos, foi particularmente intensa nesta região da Espanha, escreve o portal Rádio França Internacional.
Atos contra a "bruxaria" aconteceram na Catalunha a partir de 1471, o que faria desta uma das primeiras regiões da Europa a praticar esta caça que vitimava mulheres.
Muitas das mulheres executadas à época foram chamadas de bruxas por saberem usar plantas medicinais, por serem viúvas ou viverem sozinhas.
A partir de uma lista com mais de 700 nomes de vítimas deste período, serão feitos estudos sobre suas vidas e mortes trágicas, após a denúncia de vizinhos.
O objetivo é conscientizar o público sobre a discriminação e os crimes de gênero, como já acontece em países como a Escócia, a Suíça e a Noruega.