Em 23 de janeiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que é possível que a fase crítica da pandemia do coronavírus possa acabar já neste ano.
Conforme disse Hans Kluge, diretor regional da organização para a Europa, "é plausível que a pandemia esteja chegando perto do fim na região". A Sputnik Brasil pediu a Bruno Brunetti, microbiologista e professor do canal Microbiologia Prática, para avaliar essas questões.
De acordo com o especialista, as falas sobre a provável transição para o fim da pandemia no continente europeu graças à nova variante Ômicron devem-se ao seguinte fator: como essa cepa foi responsável por muitos casos da COVID-19 na Europa, isso fez com que grande parte da população adquirisse imunidade contra o coronavírus.
"E isso, aliado a uma grande parte também que já estava vacinada, pode representar uma grande porcentagem de imunização da população", explicou.
Contudo, em sua opinião, ainda é muito cedo para falar sobre o fim total da pandemia, particularmente em outras partes do mundo, onde isso não é afirmado com tanta frequência. No Brasil, em contraste com a Europa, a questão ainda não foi trazida à tona: os números de casos da COVID-19 decorrentes de infecção pela Ômicron estão aumentando cada dia mais.
Riscos permanecem
Na União Europeia (UE), novas medidas foram divulgadas, principalmente em relação à flexibilização de quarentenas e à necessidade de exames para entrada em países. Porém, há preocupações de que medidas como estas levem ao efeito reverso e aumentem o risco de perpetuação da pandemia.
Bruno Brunetti acredita que não seria um efeito reverso, mas que a flexibilização das medidas sanitárias pode sim favorecer a contaminação da população. Adicionalmente, além da circulação da Ômicron, "temos que ter em mente que outras variantes surgirão". Segundo o professor, é uma questão do tempo.
"A gente não pode baixar a guarda neste momento, precisamos ter ainda muita cautela e continuar seguindo todos os protocolos sanitários para que possamos nos manter, de certa forma, seguros."
Vacinação é nossa única ferramenta no combate à pandemia
O microbiologista ressalta que, mesmo com chances da pandemia chegar ao fim, devemos certamente continuar com as campanhas de vacinação, e exorta aos que ainda não se imunizaram contra a COVID-19, que façam isso o quanto antes.
"As vacinas são a única ferramenta que nós temos à disposição neste momento para nos proteger de formas graves do coronavírus."
Neste contexto, é também "de extrema importância" a participação das crianças nos programas de vacinação, uma vez que elas, como os adultos, podem adquirir o coronavírus. "As vacinas são capazes de protegê-las da manifestação das formas graves dessa doença", ressalta o especialista.
Meios de proteção virando parte de nossa nova realidade
Embora para a maior parte do mundo o fim da pandemia ainda esteja longe, o dia em que será decretado o seu final chagará. Mas na prática, todos os meios de proteção que foram impostos desde o início – as máscaras, o álcool em gel, o passaporte de vacina, o distanciamento social – podem se tornar hábitos do nosso cotidiano, acredita Bruno Brunetti.
Transeuntes passando estátua de leão em Tóquio, Japão, 26 de janeiro de 2022
© REUTERS / KIM KYUNG-HOON
E isso tem suas vantagens. Conforme ele contou, a obrigatoriedade de higienizar as mãos frequentemente ajudou a diminuir, e muito, a transmissão de algumas doenças, por exemplo, as relacionadas ao não cumprimento de boas práticas de higiene.