A medida excepcional contra o aliado, que ainda não foi anunciada oficialmente, ocorre poucos dias antes do prazo (30 de janeiro) para o Departamento de Estado dos EUA anunciar os planos para o dinheiro.
A soma faz parte de um total de US$ 300 milhões (cerca de R$ 1.610 bilhão) em ajuda, dos quais pouco mais da metade já foi entregue ao Egito em setembro passado. Os fundos restantes até agora foram retidos para questões relacionadas aos direitos humanos no Egito.
"O último lugar que precisa de US$ 130 milhões é o Egito", disse um alto funcionário do Departamento de Estado à CNN.
Segundo a fonte, há um "total consenso" dentro da entidade sobre a recomendação ao secretário de Estado, Antony Blinken, de não permitir que o Egito receba o dinheiro e que o valor seja destinado a outros países.
Duas fontes no Congresso norte-americano confirmaram ao veículo que foram informadas, na quinta-feira (27), sobre os planos do Departamento de Estado. Ativistas de direitos humanos que falaram com a CNN também estavam cientes da decisão.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores dos EUA, Ned Price disse a repórteres na sexta-feira (28), que Blinken ainda não havia decidido sobre o dinheiro. Em uma conversa com seu par egípcio, ainda ontem (28), o secretário de Estado falou sobre vários tópicos, incluindo direitos humanos, mas não mencionou a ajuda financeira, de acordo com o resumo oficial da ligação.
"A mensagem aqui é que o Egito não pode mais dar por garantida a ajuda de nossos contribuintes ou assumir que nossos líderes sempre vão proteger a relação [que temos] não importa o que façam. Eles realmente precisam começar a prestar atenção às nossas preocupações", disse em comunicado o congressista democrata, Tom Malinowski.
Embora aprovem a decisão de não enviar os fundos ao país árabe, alguns ativistas de direitos humanos consideram que ela é ofuscada pela venda ao Egito de US$ 2,5 bilhões (cerca de R$ 13,4 bilhões) em armas e equipamentos militares dos EUA, autorizada há poucos dias pelo governo Biden.
"É a coisa certa a se fazer, mas infelizmente o impacto e a eficácia desta decisão são prejudicados ao avançar simultaneamente com a venda de armas quase 20 vezes a quantidade que vai ser reprogramada", disse o diretor de defesa da organização Project on Middle East Democracy, Seth Binder, um projeto sobre a democracia no Oriente Médio.
A venda, de acordo com um funcionário do Departamento de Defesa dos EUA, é do interesse da segurança dos EUA e é paga, em parte, com dinheiro de ajuda militar dos EUA já recebido pelo Egito.
A entidade observou que o acordo "apoia a política externa e a segurança nacional dos Estados Unidos, ajudando a melhorar a segurança de um importante país não aliado da OTAN que continua sendo um importante parceiro estratégico no Oriente Médio".