O método brutal e ritualizado de tortura e execução que supostamente era praticado pelos nórdicos durante a Era Viking era tão horrível que alguns estudiosos questionaram se era possível realizar em um corpo humano.
No entanto, pesquisadores descobriram recentemente que o ato conhecido como "águia de sangue", era de fato anatomicamente possível e poderia ter sido realizado com armas vikings conhecidas.
De acordo com descrições da águia de sangue em poemas e prosa que datam do século XI ao século XIII, as vítimas, tipicamente capturadas em batalha, tinham as grandes abas de pele e músculo das costas cortadas e abertas pelos captores enquanto ainda estavam vivas. Depois, cortavam as costelas da coluna, abrindo as costelas para os lados para formar "asas". O torturador completava o ritual retirando os pulmões intactos da vítima e colocando-os sobre as costelas estendidas (a essa altura, a vítima certamente estava morta, escreveram os pesquisadores).
Os pesquisadores avaliaram a prática da águia de sangue analisando primeiro a anatomia humana, passo a passo na sequência da tortura e aproximando como ela poderia ter sido realizada em um ritual público. Depois disso, observaram as armas daquela época, para ver como as diversas lâminas poderiam ter sido usadas para cumprir a terrível tarefa.
Descobertas arqueológicas anteriores revelaram exemplos de armas que seriam adequadas para essa prática. "Facas de combate" de um único gume com cabos rígidos foram encontradas em enterros vikings de elite, e algumas se assemelham a facas grandes que são usadas em autópsias modernas, de acordo com o estudo. Existe uma possibilidade que tal faca possa ter sido usada para cortar e descascar a pele e as camadas musculares das vítimas, na primeira parte do ritual da águia de sangue.
Na etapa mais complicada, as costelas poderiam ter sido "desacopladas" da coluna com a ajuda de uma pequena ponta de lança farpada e essas armas também foram recuperadas de enterros vikings, relataram os pesquisadores.
Embora arqueólogos aleguem nunca ter encontrado restos de vítimas deste ritual, em nove relatos escritos conhecidos do ritual da águia de sangue, as pessoas que ordenaram a tortura e suas vítimas eram homens de status social elevado, e a maioria deles era da realeza, de acordo com o estudo. Em alguns casos, os textos sugeriam que um combatente experiente era designado para realizar o ato, talvez porque exigisse conhecimento altamente especializado de anatomia e abate.
Exibições performáticas de posição social e execuções ritualizadas que incluíam "mutilação conspícua" eram práticas comuns nos círculos de elite da sociedade viking.
"A águia de sangue não era, portanto, uma mera tortura: tinha significado", escreveram os pesquisadores no estudo.
Embora dissecar um corpo humano vivo dessa maneira fosse possível, sobreviver a tal tortura não era. As vítimas provavelmente perdiam a consciência no início do processo quando a carne era removida de suas costas. A quantidade de perda de sangue e o colapso pulmonar subsequente os teriam matado muito antes que a terrível provação terminasse, e "grande parte do procedimento teria sido realizado em um cadáver", relataram os cientistas.