A Força Aérea Brasileira (FAB) pretende adquirir 30 caças Gripen, os adicionando aos 36 previamente acordados que estão chegando gradualmente ao país, relatou na terça-feira (1º) o jornal Folha de S. Paulo.
Carlos de Almeida Baptista Junior, comandante da FAB, está consciente das dificuldades orçamentárias na área militar, depois que pareceu ter sido abandonada a ideia de criar uma "frota ideal de mais de 120 aeronaves", o mesmo devendo acontecer com o contrato de compra de 28 cargueiros KC-390 da Embraer, sendo planejado que o número de aeronaves em ambos os negócios seja reduzido em cerca da metade.
Trata-se de um programa de transferência tecnológica e não de aquisição de produto pronto, com o modelo de dois lugares sendo projetado em conjunto por suecos e brasileiros.
Baptista Junior desvaloriza as disputas relatadas em vários países com os aviões da montadora sueca Gripen, apontando que o modelo em questão, E/F, até agora só foi adquirido pela Suécia (60 aeronaves) e a FAB (36 aeronaves). Ele também citou os problemas com a aeronave ítalo-brasileira AMX, que tinha várias peças apenas disponíveis nesses dois países, enquanto os da Gripen têm vários componentes que podem ser adquiridos em vários lugares.
Brasil tem um Gripen desde 2020 para testes, mais dois deverão chegar neste semestre para ratificar a certificação militar feita na Suécia. A FAB espera ter um total de seis caças até o final de 2022.
Além das próprias aeronaves, tem sido negociada a obtenção dos respetivos mísseis Meteor, do consórcio europeu MBDA, com a FAB tendo recebido já um lote em 24 de novembro de 2021 e, antes disso, um para testes no Gripen já em posse da força brasileira.
O míssil além do alcance visual (BVR, na sigla em inglês) é disparado a uma distância de entre 100 km e 200 km de seu alvo e pode ou não atualizar sua rota através de conexão digital, o que deixa muito pouco tempo de reação ao adversário. Com uma fase de propulsão com combustível sólido substituída por um motor do tipo ramjet, o último é alimentado do ar à frente para gerar velocidades de até 4.900 km/h e é considerado o mais avançado modelo de seu tipo no mercado, diz a Folha.
O jornal estima, com base em dados do Instituto Internacional de Pesquisas da Paz de Estocolmo (SIPRI, na sigla em inglês), que a compra dos Meteor custou € 200 milhões (R$ 1,2 bilhão) para um total de 100 unidades.
Foi também negociada para os Gripen a aquisição do míssil ar-ar de curto alcance IRIS-T, produzido em conjunto pela Alemanha e Itália, que deverá substituir o análogo brasileiro MAA-1 Piranha. Ambos os mísseis serão os mais avançados na América do Sul.