A União Europeia (UE) está procurando ativamente alternativas ao gás da Rússia, principalmente dos EUA. O destino do gasoduto Nord Stream 2 (Corrente do Norte 2), cuja construção terminou ainda em 2021, depende das ações russas, afirmou Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, citada na sexta-feira (4).
"Moscou está usando o gás como ferramenta para fazer pressão sobre nós, então o Nord Stream 2 não pode ser excluído da lista de sanções", disse ela em entrevista ao jornal Les Echos.
A alta responsável europeia acusou a empresa estatal russa Gazprom de fornecer menos gás à Europa do que aquilo que tem capacidade, e sugeriu que a empresa deve aumentar o fornecimento o máximo possível para compensar o aumento da demanda na região.
Em uma outra entrevista dada ao jornal Handelsblatt, também publicada na sexta-feira (4), von der Leyen admitiu que a Gazprom está cumprindo todos os contratos com os países europeus, mas manteve que a empresa tem estado "a fazer o mínimo". Segundo ela, outros fornecedores de gás aumentaram a oferta em meio a uma procura crescente e preços recorde, mas a Gazprom não o fez. Dessa forma, a empresa russa "está semeando dúvidas sobre sua própria confiabilidade", sugeriu.
A política argumentou que a dependência da Europa do gás russo está repleta de riscos a longo prazo, prometendo apoiar a construção de um novo terminal de gás natural liquefeito na Alemanha.
"Geralmente, falamos com todo o mundo, começando com a Noruega, um fornecedor com o qual temos cooperação confiável há muito tempo, e também com o Catar, Azerbaijão e Egito. Claro, os Estados Unidos também desempenham um grande papel. Vamos realizar uma cúpula da energia em Washington em 7 de fevereiro", disse a líder do bloco europeu.
Em 22 de janeiro a mídia norte-americana informou que os EUA estavam negociando com o Catar o fornecimento de gás natural à Europa.
Além da questão do Nord Stream 2, von der Leyen também referiu novamente que Bruxelas imporá sanções à Rússia em caso de uma suposta invasão da Ucrânia. Moscou rejeita como ridícula a ideia de que planeja atacar seu vizinho, e aponta que a crescente militarização das fronteiras perto da Rússia por parte da OTAN representa uma ameaça à sua própria segurança. Para mitigar isso, o Kremlin propõe retirar militares e armamentos das proximidades dos dois lados e limitar a expansão da Aliança Atlântica para leste.
A Gazprom tem referido repetidamente nos últimos meses que cumpre todas as suas obrigações relativas aos atuais contratos, e que está pronta para aumentar o fornecimento à Europa imediatamente no quadro de novos contratos de longo prazo, incluindo através do Nord Stream 2, instando a Alemanha a autorizar o início de funcionamento do gasoduto para poder transportar 55 bilhões de metros cúbicos de gás adicionais por ano ao continente.