Berlim não tem intenção de enviar armas a Kiev, já que a crise em torno da Ucrânia exige diálogo e uma resolução pacífica, afirmou Christine Lambrecht, ministra da Defesa da Alemanha, em entrevista publicada no domingo (6) no jornal Westdeutsche Allgemeine Zeitung.
"Durante muito tempo a postura clara do Governo federal tem sido de que não se entregam armas às áreas de crise para que não haja lá uma maior escalada", disse ela.
"No conflito da Ucrânia temos parceiros que regressaram à mesa de negociações: no Conselho OTAN-Rússia e no formato da Normandia, por exemplo. Por isso, agora nossa tarefa é a desescalada. Queremos resolver este conflito pacificamente", sublinhou Lambrecht.
Ela apontou que a decisão do governo alemão de fornecer foguetes aos curdos no Iraque foi um caso "completamente diferente", pois aí os residentes locais "eram cruelmente assassinados ou vendidos em mercados de escravos".
5 de fevereiro 2022, 11:54
A ministra alemã também criticou a reação da Ucrânia ao envio de 5.000 capacetes, explicando que isso foi feito a pedido de Kiev.
Ao mesmo tempo, a alta responsável confirmou o compromisso da Alemanha com os Países Bálticos, que também são membros da OTAN, com destaque para a Lituânia.
"Já estamos dando uma contribuição muito importante na Lituânia, onde somos o único país da UE [União Europeia] que lidera um grupo de combate", comentou, acrescentando que está dialogando com Vilnius para entender que tipo de reforço seria mais adequado na situação atual.
A OTAN tem aumentado as capacidades militares da Ucrânia desde 2014, quando um golpe de Estado em Kiev fez definitivamente o país adotar uma linha pró-Ocidental. Nos últimos meses, com acusações frequentes de uma suposta "ameaça russa", a OTAN aumentou sua presença no Leste Europeu. Países como os EUA, Reino Unido e Estados do Báltico aceleraram o investimento militar no vizinho da Rússia, não obstante Moscou negar ter intenções agressivas contra a Ucrânia.
Para resolver a situação, Moscou propôs em dezembro de 2021 projetos de acordos, que reformulariam a segurança europeia com base na desmilitarização dos territórios que estão na proximidade entre a OTAN e a Rússia. Outra medida proposta foi a Aliança Atlântica parar de se expandir para leste. No entanto, até agora as negociações não têm tido sucesso.