Ciência e sociedade

Passo atrás? Representações dos megalodontes devem estar erradas, dizem cientistas

Pesquisadores examinaram a literatura científica sobre os famosos tubarões extintos e concluíram que não existem dados claros sobre como eles seriam na realidade.
Sputnik
Não há evidências científicas sobre a verdadeira aparência do megalodonte, declarou uma equipe de pesquisadores em um artigo no domingo (6) no portal EurekAlert.
A evidência de fósseis existente não permite determinar o tamanho do predador marinho, com as estimativas do comprimento variando entre 11 e cerca de 40 metros, apesar de ele normalmente ser considerado sendo entre 15 e 18 metros, indicam os cientistas no seu estudo, publicado na revista Historical Biology.
Os modelos representam frequentemente o Otodus megalodon, que viveu aproximadamente entre 23 e 3,6 milhões de anos atrás, como semelhante ao tubarão-branco, ou Carcharodon carcharias, o maior tubarão predador existente hoje, pertencente à família dos lamnídeos (Lamnidae).
Embora o megalodonte não pertencesse a essa família, a comunidade científica crê que o animal era intimamente relacionado com o tubarão-branco, divergindo dele durante o período Cretáceo, e também sendo parcialmente de sangue quente, permitindo em teoria que ele fosse igualmente feroz nos mares. Isso tornaria o tubarão parte da ordem dos tubarões lamniformes, que inclui os Lamnidae.
Gigante pré-histórico: dentes de megalodonte são descobertos no Chile (VÍDEO)
Por causa disso, os cientistas costumam usar os lamnídeos aplicando uma média das caraterísticas dos tubarões desta família para tentar chegar a uma morfologia aproximada dos megalodontes.
A equipe de Phillip Sternes, biólogo da Universidade da Califórnia Riverside, EUA, fez isso mesmo usando as formas dos cinco lamnídeos usados em um estudo anterior, que reconstruiu o megalodonte, e o comparou com outros tubarões de sangue frio lamniformes, usando desenhos detalhados e bidimensionais de guia de campo. No final não foram encontrados padrões nas partes dos corpos que os distinguissem.
"O sangue quente não faz de você um tubarão de aspecto diferente. Eu encorajo outros a explorar ideias sobre sua forma corporal e a procurar o tesouro final de um fóssil de megalodonte preservado. Até aí, este resultado esclarece alguma confusão sobre descobertas anteriores e abre novamente a porta para outras ideias", resumiu Sternes.
Kenshu Shimada, paleobiólogo da Universidade DePaul, Illinois, EUA, concorda que esta pesquisa deve ser vista de uma forma positiva.
"O estudo pode parecer um passo atrás na ciência, mas o mistério contínuo faz da paleontologia, o estudo da vida pré-histórica, um campo científico fascinante e entusiasmante. O fato de ainda não sabermos exatamente como era o aspecto do O. megalodon mantém nossa imaginação trabalhando. É exatamente por isso que a ciência da paleontologia continua sendo um campo acadêmico empolgante. Continuaremos procurando por mais pistas no registro fóssil."
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