Panorama internacional

Japão está criando tensões artificiais sobre Ilhas Curilas, diz Rússia

Maria Zakharova, representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, criticou a postura do Japão sobre a pertença territorial do arquipélago no Extremo Oriente russo e apontou influência dos EUA.
Sputnik
O Japão está criando tensões artificialmente no que toca à soberania das Ilhas Curilas, afirmou Maria Zakharova, representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia.
"Vejam todas as nossas declarações sobre a intensificação da histeria [e] tensão em torno da questão territorial. Segundo me parece, a liderança japonesa, durante todo o tempo que podia ter sido dedicado à construção de relações normais e plenas, econômicas, financeiras e culturais com nosso país, gasta toda a sua energia e paixão com a fixação neste tema. De todas as vezes nos referimos à natureza artificial deste problema e sua intensificação", disse Zakharova em vídeo de domingo (6) no canal Solovyov Live no YouTube.
"E essa artificialidade não surge simplesmente do nada, ela é alimentada. Por quem? Por uma certa parte do sistema político do Japão. Quem está atrás dela? Bem, agora o embaixador dos EUA [Rahm Emanuel] assumiu plenamente e o declarou. Será que tínhamos dúvidas disso? Nunca tivemos quaisquer dúvidas", comentou ela sobre as afirmações do representante norte-americano, que declarou que os EUA e o Japão têm a mesma posição sobre a pertença territorial das Ilhas Curilas do sul.
A representante da chancelaria russa sublinhou que os EUA se beneficiam de "manter esta questão em pé, porque ela impede o lado japonês de começar a implementar uma cooperação abrangente, mutuamente benéfica e promissora com nosso país".
O dia dos "territórios do norte" é comemorado no Japão todos os anos em 7 de fevereiro, no aniversário do Tratado de Shimoda de 1855, que previa a soberania do Japão sobre as ilhas Kunashir, Habomai, Shikotan e Iturup no sul do arquipélago, com as restantes passando a ser administradas pela Rússia.
Em 1956, a URSS e o Japão assinaram uma Declaração Conjunta em que Moscou concordou ponderar a entrega das ilhas Habomai e Shikotan, sendo que as restantes não foram abordadas. A URSS planejava que esta fosse a última palavra no conflito territorial, enquanto o Japão considerava o documento apenas parte da solução da questão.
No entanto, negociações posteriores não conseguiram avançar na resolução do problema, não havendo até hoje um acordo de paz assinado entre Moscou e Tóquio. Há suspeitas de que os EUA ameaçaram com o não retorno de Okinawa ao Japão (o que acabou por acontecer em 1972) se Tóquio não exigisse as Ilhas Curilas do sul. Moscou defende que o arquipélago passou a ser território da URSS após a Segunda Guerra Mundial, passando em seguida à Federação da Rússia.
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