A variante Ômicron da COVID-19 pode estar se espalhando entre animais selvagens, reporta na terça-feira (8) o portal Business Insider.
Uma equipe de pesquisadores na Universidade Estadual de Pensilvânia, EUA, acaba de publicar um estudo no servidor de pré-impressão BioRxiv, ainda não revisto por pares, que relata quase 20 casos de infecção pela Ômicron de cervos-de-virgínia na Ilha Staten em Nova York. A espécie é comum por todo o país.
O Departamento de Agricultura dos EUA também relatou, citado na segunda-feira (7) pelo jornal The New York Times, casos de infecções de coronavírus em cervos em 15 estados do país. Um terço das amostras da espécie no estado de Iowa entre setembro de 2020 e janeiro de 2021 revelou a contaminação, e uma proporção igual foi detectada em cervos de Ohio entre janeiro e março de 2021.
"Não estávamos à espera de encontrar este nível de infecção generalizada. Foi bastante surpreendente, e também bastante preocupante", comentou Suresh Kuchipudi, diretor associado do Laboratório de Diagnóstico Animal na Universidade Estadual de Pensilvânia.
"Poderá o cervo se tornar um hospedeiro que leva à ascensão de linhagens bem-sucedidas em humanos? Ainda o considero improvável. Na realidade estamos nos tornando uma população mais difícil de invadir porque o vírus principal é tão prevalente", continuou. O Business Insider constata que a maior parte da população dos EUA está protegida por via vacinal ou de infecção pelo vírus.
Apesar de o SARS-CoV-2 já ter sido encontrado em hamsters, gatos, cães, furões, martas, porcos e coelhos, os cientistas norte-americanos têm se concentrado em casos nos cervos, devido à sua abundância nos EUA e por viverem em grande proximidade com os humanos. Apesar de os cientistas não terem a certeza se a biologia destes animais é uma potencial causa de disseminação do coronavírus, eles suspeitam que sim.
Foi também teorizada a possibilidade de os cervídeos poderem se reinfectar, depois que Kuchipudi descobriu um caso assim na ilha Staten, mas ele espera que "a amostragem genômica e a vigilância das águas residuais possam detectá-lo imediatamente, antes que se dissemine mais".