Panorama internacional

Marinha dos EUA divulga linha do tempo bizarra de encontros com 'enxames de drones' na Califórnia

No verão de 2019, vários navios da Marinha dos EUA que navegavam entre ilhas do canal da Califórnia foram perseguidos por grupos de aeronaves não identificadas provocando investigações pela mídia e pela Marinha.
Sputnik
Após meses de incerteza, a Marinha dos EUA divulgou uma linha do tempo dos incidentes envolvendo seus navios de guerra e um enxame do que se acreditava serem drones ou sistemas aéreos não tripulados (UAS, na sigla em inglês).
O slide de briefing recém-lançado parece ser uma versão não editada do documento publicado anteriormente que fornece alguns novos detalhes sobre a série de incidentes de 2019, segundo The Drive.
Entre esses detalhes está a linha do tempo de eventos misteriosos que atraíram grande interesse desde 2020, quando o documentarista Dave Beaty os trouxe à tona, provocando mais investigações pela mídia e posteriormente dentro da Marinha.
A linha do tempo fornece uma visão detalhada do "enxame" de drones que ocorreu em 17 de julho de 2019 e envolveu o USS Paul Hamilton. O incidente começou às 19h56 (horário local), com o destróier desligando sua transmissão de localização do Sistema de Identificação Automática (AIS, na sigla em inglês) cerca de dez minutos antes por razões não especificadas.
Primeiro, a linha do tempo indica que um UAS foi avistado a uma distância de cerca de uma milha náutica. 20 minutos depois, dois "drones" foram vistos, um deles caindo na água; às 20h26 (horário local), vários UAS foram vistos, o suficiente para o número subir até um "enxame de UAS" às 20h50 (horário local).
O slide do briefing sobre as interações do USS Paul Hamilton com vários objetos aéreos não identificados em 17 de julho de 2019
O chamado "enxame de UAS" parecia ter durado mais de duas horas: a partir das 19h56 até as 22h39 (horário local).
Além da linha do tempo (que foi divulgada após requisição via Lei de Liberdade de Informação), a Marinha também lançou uma imagem com uma resolução extremamente baixa, com praticamente nenhum detalhe discernível, apenas três pontos borrados. A imagem, tirada por um sistema infravermelho de visão dianteira (FLIR, na sigla em inglês) não especificado, foi descrita pelos funcionários como a única "possível de divulgar" relacionada ao incidente.
The Drive sugeriu que tanto o slide do briefing com a linha do tempo quanto a imagem faziam parte de uma investigação mais ampla e solicitou documentos completos. A Marinha informou, no entanto, que após uma busca interna constatou "que não existem registros responsivos".
"O registro fornecido anteriormente a vocês em uma solicitação separada foi intitulado 'UAP Brief' [apresentação de fenômeno aéreo não identificado] pelo Coordenador do Comando FOIA [sigla em inglês para Lei de Liberdade de Informação] para seu próprio uso para distingui-lo como um slide do PowerPoint. Não faz parte de uma apresentação maior", disse a Marinha na resposta.
Os repórteres notaram várias coisas no pequeno documento divulgado. Entre essas coisas, The Drive destacou o fato de que a linha do tempo não especificou quaisquer contramedidas tomadas contra os "drones" que enxameiam os navios de guerra, e também "continua incerto exatamente quantos contatos foram detectados".
Marinha dos EUA recebe 1º drone modernizado MQ-4C Triton (FOTO)
Além disso, o conteúdo da linha do tempo parece destoar das informações fornecidas nos diários de bordo correspondentes, que foram obtidos anteriormente pelo The Drive durante sua própria investigação sobre o assunto. Particularmente, a mídia apontou para o fato de que os registros completos da noite de 16 de julho do USS Paul Hamilton não mostram nada fora do comum. Em alguns casos, sugeriu o relatório, os registros nos diários de bordo podem nunca ter sido criados em primeiro lugar.
O USS Paul Hamilton não é o único navio que teve que lidar com o chamado "enxame de drones". Relatórios anteriores indicaram que entre os navios presentes durante os encontros estavam o USS Kidd, o USS Rafael Peralta, o USS Russell e o USS John Finn. Todos eles são destróieres da classe Arleigh Burke.
Os encontros bizarros geraram sérias preocupações entre os observadores, que sugeriram que, se os "drones" não fossem operados pelos militares americanos, isso significaria uma grave violação de segurança, principalmente devido à sensibilidade da área onde ocorreram os incidentes. Ao longo dos anos que se passaram desde os encontros, surgiram várias sugestões, desde o enxame ser "uma espécie de ação encoberta" até um ator estrangeiro lançando os drones para perseguir os navios de guerra americanos.
A Marinha permanece reticente em relação aos incidentes de julho de 2019, com o chefe de operações navais, almirante Michael Gilday, dizendo apenas em abril de 2021 que os encontros ainda estavam "sendo analisados", e que os supostos "UAVs" ou "UASs" ainda não tinham sido identificados. Até agora não houve novas descobertas oficialmente confirmadas pela Marinha.
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