Celso Amorim, chanceler da gestão Lula (2003-2010) e até hoje uma das figuras que o ex-presidente conta para suas articulações na política externa, afirmou que o fato do presidente, Jair Bolsonaro (PL), não ter adiado sua ida à Rússia foi bom, visto que adiar "seria um sinal de submissão a uma agenda de Washington que não tem cabimento", de acordo com O Globo.
A análise de Amorim é similar à de Bolsonaro, que anteriormente disse a aliados que passaria uma imagem de "submissão" aos Estados Unidos se cancelasse a agenda.
Segundo o jornal, para o ex-chanceler, o Brasil, se vivesse um outro momento, poderia integrar iniciativas, com lideranças de outros países, em busca da pacificação entre Rússia e Ucrânia.
"Hoje, não existe mais essa condição. Bolsonaro vai lá cuidar de fertilizantes, que, para ele, está de bom tamanho, pois não tem capacidade de uma atuação mais ampla", afirmou Amorim.
Presidente Jair Bolsonaro chega a Moscou, 15 de fevereiro de 2022
© Foto / Alan Santos / Palácio do Planalto / CCBY 2.0
No entanto, Bolsonaro já declarou que o tópico da Ucrânia só será abordado com o líder russo, Vladimir Putin, se Putin trouxer o assunto à mesa, conforme noticiado. Hoje (15), o ministro da Defesa, Braga Netto, em Moscou, também confirmou que a questão não seria conversada.
O presidente aterrissou hoje (15) na capital russa e ficará até quinta-feira (17), quando seguirá para Hungria.