Ciência e sociedade

Crânio de 5.300 anos achado na Espanha pode ser de 1ª pessoa a receber cirurgia no ouvido (FOTOS)

Arqueólogos espanhóis encontraram o crânio em uma enorme tumba coletiva, no município de Reinoso, no norte da Espanha.
Sputnik
Os pesquisadores iniciaram os trabalhos no dólmen de El Pendón em 2016, tendo encontrado mais de 100 corpos. No ano de 2018 eles descobriram um crânio com marcas de ter sofrido uma intervenção cirúrgica. Desde então, foram realizadas análises e estudos até a publicação da pesquisa nesta terça-feira (15) na revista acadêmica Scientific Reports.
Detalhe da perfuração feita durante cirurgia em crânio de 5.300 anos de idade
Dólmen é um tipo de túmulo geralmente composto por duas ou mais pedras monumentais, conhecidas como megálitos, que sustentam uma grande pedra horizontal plana. Os restos mortais descobertos em El Pendón estavam divididos em vários andares e remontam ao período Neolítico.
De acordo com o estudo, o crânio operado possui cerca de 5.300 anos e foi encontrado no segundo andar do dólmen.

"As análises indicam que se trata de um crânio mesocefálico que pertencia a uma mulher. [...] Enquanto a forma das suturas cranianas é consistente com um indivíduo de meia-idade, entre 35 e 50 anos, a perda de todos os dentes muito antes da morte sugere uma faixa etária mais próxima da idade avançada. Esta afirmação se baseia na boa saúde oral geral da comunidade cujos restos mortais se encontram depositados no dólmen", explicaram os pesquisadores no estudo.

Os arqueólogos identificaram a cirurgia realizada na mulher como sendo um tipo de mastoidectomia, um procedimento cirúrgico usado até os dias de hoje, para combater casos graves de otite crônica, um tipo de inflamação no ouvido.
Detalhes da perfuração no crânio de 5.300 anos demonstrados em (a) e (b). Comparativo com intervenção realizada nos dias de hoje no Hospital Universitário de Valladolid, na Espanha (c) e (d). Tomografia computadorizada do crânio em estudo (e) ao lado de crânio operado nos dias de hoje (f)

"A hipótese proposta nesta pesquisa é que o indivíduo ao qual pertencia o crânio provavelmente foi submetido a intervenção cirúrgica em ambos os ouvidos, com um período indeterminado entre as duas intervenções. [...] É, deste modo, a evidência documentada mais antiga de uma cirurgia no osso temporal e, muito provavelmente, a primeira mastoidectomia radical conhecida na história da humanidade", escreveram os pesquisadores.

Manuel Rojo-Guerra, do Departamento de Pré-história e Arqueologia da Universidade de Valladolid, na Espanha e um dos autores do projeto, disse em entrevista ao The Jerusalem Post que os curandeiros da época tinham "avançado grau de conhecimento anatômico e experiência" para conseguir realizar esse procedimento.
Comentar