Os orangotangos podem ser capazes de usar ferramentas de pedra e aplicar técnicas de talhe lítico, determinaram cientistas da Alemanha e Espanha em um estudo publicado na revista PLOS One.
Os cientistas analisaram as capacidades de aprendizado individuais e coletivas dos primatas com a produção e uso de instrumentos líticos de forma a reconstruir a evolução desse processo nos primeiros hominídeos. Para isso, dois orangotangos machos do Zoológico de Kristiansand, na Noruega, receberam um martelo de concreto para tentarem martelar o núcleo de uma pedra para abrir duas caixas contendo pedaços de frutas. Os animais bateram o martelo contra as paredes e o chão, mas não contra a pedra.
Os pesquisadores também ofereceram aos orangotangos uma lasca para testar sua capacidade de usar ferramentas prontas. Um dos primatas conseguiu abrir a caixa com a ferramenta.
Uma terceira experiência, no Zoológico de Twycross, Reino Unido, envolveu verificar se os orangotangos conseguiam aprender a usar instrumentos líticos observando os outros. Após observações por três espécimes fêmeas, uma delas usou um martelo com sucesso no núcleo de uma pedra.
"[...] Nosso estudo apresenta a primeira evidência de que primatas na natureza também podem identificar e usar pedras de gume afiado como uma ferramenta de corte [pelo menos para perfuração] na ausência de demonstrações de corte", sublinham os autores do estudo.
"Em geral, nossas descobertas sugerem que dois pré-requisitos para a emergência das primeiras tecnologias líticas – a percussão lítica e o reconhecimento de pedras de gume afiado como ferramentas de corte – podem estar profundamente enraizados no nosso passado evolucionário (até 13 milhões de anos atrás)", concluem eles.