"É uma mensagem política clara da continuação da força dessa aliança estratégica entre a Rússia e a Venezuela, mas, em segundo lugar, é a continuação da pauta multilateral de posicionamento de outros aliados em um continente latino-americano que, durante muito tempo, foi um monopólio exclusivo em termos de relações exteriores dos EUA com a América Latina", disse especialista.
Durante a sua visita a Caracas em 16 de fevereiro, o vice-primeiro-ministro da Rússia Yuri Borisov e o presidente venezuelano Nicolás Maduro ratificaram a cooperação militar entre os seus países anunciando também o aumento dos treinamentos conjuntos.
"Revisamos a poderosa cooperação militar e a reafirmamos para a defesa da paz, da soberania, da integridade territorial. O general Vladimir Padrino López [ministro venezuelano da Defesa] tem sobre isso instruções precisas, vamos aumentar todos os planos de treinamento com uma potência militar como é a Rússia", afirmou o presidente Maduro.
De acordo com o analista, ante um conflito geopolítico entre a Rússia e a OTAN em torno da Ucrânia, é de sublinhar que Moscou continua dando passos no sentido da defesa do multilateralismo.
Ortiz disse que isso demonstra também que a América Latina não sucumbiu "diante do monopólio das relações exteriores imposto pelos EUA, mas, pelo contrário, os países estão aplicando políticas externas muito mais audazes e com uma visão muito mais multilateral".
No caso da Venezuela, apontou o especialista, o fortalecimento do apoio político e a cooperação militar com a Rússia traduz-se também na proteção da autodeterminação e da soberania da Venezuela, "em um contexto em que a paz mundial está sob ameaça".
Por enquanto, não há muitas informações sobre os acordos militares entre Moscou e Caracas, mas estes incluem treinamentos, exercícios conjuntos, aquisição e manutenção de armas, equipamentos e veículos.