Em um resumo das reuniões de governo do ano de 1991, consta que países do Ocidente assumiram um compromisso com Moscou de não expandir a aliança da OTAN para além das fronteiras da Alemanha unificada.
O documento revela conversas entre o então secretário de Estado dos EUA e os ministros das Relações Exteriores da Alemanha, França, Reino Unido e URSS em Bonn, na Alemanha, no dia 6 de março de 1991. Segundo o jornal, o texto mostra que os países ocidentais concordaram que a participação de países do Leste Europeu da OTAN seria inaceitável
19 de fevereiro 2022, 18:58
No entanto, durante pronunciamento nesta segunda-feira (21), o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Christopher Burger, disse que "não é seu trabalho" ficar interpretando antigos documentos históricos. O ministro afirmou ainda que "um resumo das reuniões de governo não é um certificado histórico".
"Gostaria de afirmar mais uma vez que nem o Acordo '2+4' [sobre a reunificação alemã], nem o Ato Fundador OTAN-Rússia continham promessas à Rússia de que a OTAN não se expandiria para o leste. O Acordo '2+4' não menciona esta questão, e quaisquer declarações contrárias não correspondem à realidade", disse Burger.
A Rússia tem protestado contra a expansão da OTAN desde os anos 1990, considerando que a presença militar do bloco junto de suas fronteiras constitui uma ameaça direta ao país. Vladimir Putin, presidente da Rússia, reconheceu que Mikhail Gorbachev, ex-líder da URSS entre os anos de 1985 e 1991, cometeu um erro ao não converter as negociações sobre a expansão da OTAN em um acordo escrito.
Em dezembro de 2021, Moscou apresentou um pacote de documentos sobre a segurança na Europa. Entre os pontos principais estão o não alargamento da Aliança Atlântica para leste e a não colocação de tropas nas fronteiras entre a Rússia e a OTAN.
Nos últimos dias se intensificaram as tensões em torno da região de Donbass, com Kiev concentrando forças na linha de separação com as repúblicas populares de Donetsk e Lugansk. Devido à ameaça de uma invasão da Ucrânia, as autoproclamadas repúblicas começaram a evacuação de mulheres, crianças e idosos para a região russa de Rostov e anunciaram a mobilização geral.