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Militar intercedeu por grupo do Canadá para fechar contrato de mineração na Amazônia, diz mídia

O vice-presidente do Brasil Hamilton Mourão ao lado do presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia no Palácio do Planalto em Brasília, Brasil, 11 de fevereiro de 2022
Documentos da Agência Pública demonstram que o banco canadense Forbes & Manhattan (F&M) obteve vantagens com licenciamentos ambientais depois da posse de Bolsonaro e proximidade com o vice-presidente, Hamilton Mourão.
Sputnik
O grupo canadense F&M enfrentava dificuldades há pelo menos 10 anos junto ao governo federal brasileiro para liberar licenciamentos ambientais para suas mineradoras na Amazônia, Belo Sun e Potássio do Brasil, que impactam diretamente assentados da reforma agrária, indígenas e ribeirinhos no Amazonas e no Pará.
Desde que tomou posse, Bolsonaro tem se manifestado favorável à atividade mineradora na Amazônia atrelando-a ao desenvolvimento da região e da vida de seus habitantes.
Entusiasta da exploração de minério, algumas empresas que enfrentavam problemas com licenciamento parecem ter encontrado a solução para seus problemas sob a gestão de Bolsonaro.
Segundo matéria da UOL, o grupo F&M conseguiu chegar até o vice-presidente da República por meio de outros militares atuantes no Executivo para obter vantagens na negociação.
Depois de algumas reuniões com Mourão, nas quais o general de brigada do Exército (na reserva desde 2000), Cláudio Barroso Magno teria intercedido a favor do grupo, fontes afirmam que o governo passou a pressionar os órgãos competentes pela liberação das licenças. A Belo Sun da F&M é um caso emblemático.
O ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno, e o presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília (DF), em 20 de fevereiro de 2020
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Planejada para ser a maior mina de ouro a céu aberto do mundo, na Volta Grande do Xingu, localizada a mais de 800 km de Belém (PA), o projeto contempla uma barragem de rejeitos maior que a da Vale, que se rompeu e causou a tragédia de Mariana (MG). O governo federal, através do Incra, reduziu a área do assentamento criado há 22 anos para a construção da mina canadense.
A defensora pública que coordena o núcleo regional de Direitos Humanos em Altamira (PA), Elisângela Côrtes, que atua no caso, afirmou que "da parte do governo, há uma pressão para liberar o projeto Volta Grande. Para nós, o projeto é inviável acima de tudo, seja pela perspectiva social, seja pela ambiental", afirmou.
Segundo documentos obtidos pela reportagem da Agência Pública, os planos da mineradora ligada ao F&M caminharam na medida em que o general de brigada Barroso Magno se envolveu nas tratativas, inserindo a Belo Sun na agenda oficial do governo Bolsonaro desde 2019, sugerindo que o militar pudesse atuar como lobista junto ao governo.
Apenas entre 2020 e 2021 houve pelo menos sete reuniões de Barroso Magno só com representantes da mineradora. No mesmo período, o governo federal criou a Pró-Minerais Estratégicos, uma política federal que dá "apoio ao licenciamento ambiental" de ambas as mineradoras ligadas ao F&M na Amazônia.
De acordo com a apuração, em um dos documentos produzidos por uma das reuniões de 2020, a Potássio do Brasil foi classificada como estratégica pelo governo. No material há um "slide" com fotos da assinatura de contratos entre a mineradora e o governo Bolsonaro, com a presença do executivo-chefe do grupo F&M, Stan Bharti e do vice, Hamilton Mourão.
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