A economia europeia pode ser significativamente afetada pelo conflito na Ucrânia, por isso é hora de Bruxelas atender às preocupações de segurança de Moscou e instar Washington a mudar seu rumo que visa conter a Rússia para evitar nova escalada de tensões, escreve o jornal estatal chinês Global Times.
O jornal diz que a situação na Ucrânia terá "amplas consequências políticas e econômicas na Europa", afetando severamente a economia europeia, que desde o início do ano tem mostrado sinais de recuperação da pandemia de COVID-19.
Segundo Global Times, dado que alguns países da União Europeia (UE) mantêm há muito tempo laços econômicos e comerciais estreitos com Moscou, "é concebível que as severas sanções dos EUA e dos seus aliados impostas à Rússia produzam choques nas cadeias de abastecimento regionais, incluindo o suprimento de energia".
Quanto às amplas e "inesperadas consequências" do conflito na Ucrânia, a mídia chinesa aponta que elas muito provavelmente incluirão "saídas de capitais dos mercados europeus para os EUA, que se espera que aliviem parcialmente a pressão enfrentada pela Reserva Federal, que está ponderando o aumento das taxas de juro para conter a inflação crescente nos EUA".
Em termos de sanções antirrussas de Washington, estas medidas podem resultar em uma situação em que muitos países europeus terão que depender do dispendioso gás natural liquefeito (GNL) fornecido pelos EUA.
Com o aumento contínuo dos preços do petróleo e do gás, a inflação nos países europeus "será exacerbada", afirma o jornal.
Como outro exemplo das consequências, o Global Times aponta para o gasoduto Nord Stream 2 (Corrente do Norte 2), observando que o conflito na Ucrânia significa que "é basicamente impossível" avançar com o projeto porque a Alemanha disse que vai suspender a certificação do gasoduto.
E sem o gasoduto, segundo adverte o jornal, "as necessidades energéticas da Alemanha e de outros países da UE serão prejudicadas".
O presidente norte-americano, Joe Biden, apresentou nesta quarta-feira (23) um conjunto de sanções ao gasoduto russo Nord Stream 2.
O Nord Stream 2 tem como objetivo dobrar a capacidade de fornecimento de gás russo para a Europa pelo mar Báltico em um contexto de crise energética no continente.
O primeiro gasoduto Nord Stream, inaugurado em 2012, transporta 55 bilhões de metros cúbicos de gás anualmente para a Alemanha, correspondendo a 49% de todo o consumo do combustível no país.