A União Europeia, o Reino Unido, o Canadá e os EUA
concordaram em excluir a Rússia da Sociedade Mundial de Telecomunicações Financeiras Interbancárias (SWIFT, na sigla em inglês) após a implementação da
operação especial militar da Rússia para
"desmilitarizar e desnazificar" a Ucrânia.
O SWIFT é uma organização independente com sede na Bélgica que serve como um sistema interno de mensagens entre mais de 11.000 bancos e instituições financeiras em mais de 200 países. Vários grandes bancos russos, incluindo Sberbank e VTB, podem ser desconectados do sistema nos próximos dias.
Os líderes ocidentais também se comprometeram "a impor medidas restritivas que vão impedir o Banco Central da Rússia de implantar suas reservas internacionais de maneira a prejudicar o impacto de nossas sanções".
O Vnesheconombank (VEB) da Rússia afirmou que, tendo sido desconectado do SWIFT, o país vai mudar para o Sistema de Transferência de Mensagens Financeiras (SPFS, na sigla em inglês) do Banco Central da Rússia e outros canais alternativos.
"Em 2014, a Rússia já havia iniciado uma mudança para seu sistema de pagamento alternativo chamado SPFS", diz Tandon. "Na medida em que esses bancos são usados para pagamentos transfronteiriços, o impacto das sanções atuais não terá o efeito pretendido." De acordo com o site do Banco Central da Rússia, pelo menos 331 bancos, nacionais e estrangeiros, estão listados como usuários do sistema SPFS.
Ao mesmo tempo, a retirada da Rússia do SWIFT deve
desacelerar as exportações, importações e fluxos de capital entre o país e seus parceiros. De acordo com Tandon, a medida será um tiro pela culatra para os Estados, incluindo os da UE, que mantêm o comércio ou
dependem do fornecimento de energia da Rússia.
"Interrupções no fornecimento causadas por falhas de pagamento podem ter consequências significativas para os parceiros comerciais", explica ela. "Além disso, as empresas estrangeiras que operam na Rússia também serão afetadas negativamente."
Segundo observadores internacionais, a situação é agravada pelo fato de a economia mundial ainda ser frágil devido aos efeitos negativos da
pandemia de COVID-19 e das medidas restritivas que a acompanham. Enquanto isso,
as economias dos EUA e da Europa estão sofrendo com a
inflação crescente, com o aumento dos preços da energia ameaçando acelerá-la ainda mais.
O próximo aumento das taxas de juros pelo Federal Reserve dos EUA
pode desencadear uma onda de crises de dívida entre as economias do
terceiro mundo, de acordo com os prognósticos do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Além disso, grandes blocos também podem ser usados como
plataformas para sistemas alternativos de transação.
Um deles é o BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que tem uma população combinada de mais de 40% da população mundial.
A China já desenvolveu seu Sistema de Pagamentos Interbancários Transfronteiriços (CIPS, na sigla em inglês), sua própria alternativa ao SWIFT. Lançado em outubro de 2015, o CIPS cresceu 80% em termos de valor em 2018. Apenas em 2019, o CIPS teria processado 135,7 bilhões de yuans (cerca de R$ 100,2 bilhões) por dia. Para efeitos comparativos, o SWIFT processa cerca de US$ 5 trilhões a US$ 6 trilhões (entre R$ 25,8 trilhões e R$ 31 trilhões) diariamente.