O que é NFT e por que pode superar o Bitcoin?

A Sputnik Brasil conversou com a especialista em criptomoedas Raquel Vieira para ter uma maior percepção deste mercado tão novo e promissor que poderá definir a maneira como gerimos nossos recursos financeiros.
Sputnik
O ano de criação do bitcoin foi 2009 e, se de lá para cá você nunca ouviu falar de criptomoedas, fique atento, chegou a hora de entender os novos rumos que o sistema financeiro pode estar tomando sem que você perceba.
Segundo dados do Infomoney, somente em janeiro de 2021 as principais criptomoedas, por valor de mercado, saltaram 200% de US$ 800 bilhões (cerca de R$ 4,128 trilhões) para US$ 2,4 trilhões (cerca de R$ 12,382 trilhões) em dezembro do mesmo ano.
Mas o que o famoso bitcoin, as criptomoedas em geral, o NFT e o metaverso podem significar na economia global? Para entender um pouco mais sobre o tema, a Sputnik Brasil conversou com uma especialista em criptomoedas da casa de análise independente Top Gain, Raquel Vieira.
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Criptomoedas, NFT e finanças descentralizadas

As criptomoedas caracterizam um modelo de troca, como o nosso dinheiro, o real. A diferença entre eles é que, enquanto o real é controlado pelo governo brasileiro através do Banco Central, que com a Casa da Moeda coloca as notas (em papel) e moedas físicas em circulação, as criptomoedas são originalmente valores virtuais e digitais de característica descentralizada, ou seja, não pertencem a um sistema exclusivo, como um governo, mas a um conjunto de sistemas que asseguram sua validade.
Cada criptomoeda é criada com base em um protocolo, ou seja, um código base que indica um padrão para que sejam replicadas, podendo ser substituídas por outras iguais ou semelhantes, como nosso dinheiro.
"Por exemplo, se eu empresto 100 reais para alguma outra pessoa, quando essa pessoa for me pagar, um tempo depois, ela pode me pagar com uma nota de 100, duas de 50, ou cinco de 20 e por aí vai. O valor será o mesmo, não terá qualquer problema, diferentemente do NFT, criptomoedas são fundíveis, ou seja, podem ser substituídas por iguais ou semelhantes", explica a especialista Raquel Vieira.
Os tokens não fundíveis (NFT, na sigla em inglês) não podem ser substituídos, são únicos. É aqui que seu conceito se aproxima do de obras de arte.
"O quadro da Mona Lisa que fica lá no Museu do Louvre [Paris, França] a gente tem diversos quadros da Mona Lisa espalhados pelo mundo, cópias, e nenhuma delas agrega valor como aquela do museu, e por isso muitas pessoas viajam para ver aquele quadro pessoalmente, porque ele é único. O mesmo se dá com os NFTs", conta Raquel.
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Garantias dos NFTs

Os NFTs possuem uma garantia, um certificado digital de unicidade que o torna infundível, ou seja, único. A este protocolo de confiança chamamos "blockchain".
Cada criptomoeda desenvolve sua blockchain, ou seja, registros de dados que são distribuídos e funcionam como um índice global de todas as transações que asseguram a confiança nelas.
"Os NFTs são bem diferentes de várias criptomoedas que a gente já conhece porque seus tokens usam da blockchain de outras criptomoedas para poder rodar. Hoje, a Ethereum é a maior blockchain que a gente conhece onde estão rodando os NFTs, o que explica porque muitos NFTs são comprados ou vendidos através da Ethereum", explicou Raquel.
Outro ponto garantidor do NFT é que seu caráter único faz dele, de fato, uma obra de arte.
"Se você empresta um bitcoin pra alguém, essa pessoa pode te pagar esse um bitcoin com outro bitcoin que está circulando na rede. Os NFTs não funcionam assim. Por serem insubstituíveis, se você dá um NFT para alguém, se esta pessoa for te devolver um dia, terá de devolver especificamente aquele NFT que você ofereceu", afirmou a especialista.
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Novo mercado

O mercado dos NFTs foi um dos que mais se destacou no ano de 2021. Sua estreita relação com as criptomoedas também foi um fator garantidor de sucesso e valorização.
Para além disso, o mundo do entretenimento com o desenvolvimento de games e metaversos, mundos virtuais que tentam replicar a realidade, tem sido um campo de vasta exploração para os NTFs. Jogos em que os tokens se traduzem em roupas, acessórios e peças para compor personagens e avatares já são uma realidade rentável.
"Vale a pena lembrar que também tivemos alguns projetos relacionados aos 'smart contracts' [contratos inteligentes que visam facilitar e reforçar a negociação ou desempenho de um contrato, proporcionando confiabilidade em transações on-line] que cresceram bastante durante o ano, bem como também as 'memecoins' [derivadas de memes de Internet] que acabaram multiplicando o capital dos investidores diversas e diversas vezes", pontuou a especialista.
Para Raquel, as NFTs já estão interferindo na maneira como os investidores veem os diversos marketplaces.
"A própria Opensea [grande marketplace de NFT] permite que o investidor compre NFTs para poder vendê-los no futuro. Isso já é uma forma de comprar um NFT mais barato hoje acreditando no potencial desse token para poder vendê-lo futuramente", garantiu.
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Cripto no metaverso

Que o mercado das criptomoedas é lucrativo e promissor já se sabe, o que ainda não se pode prever é o quanto será capaz de crescer com o advento dos metaversos.
Cada vez mais jogos e ambientes virtuais de troca nos empurram para esta realidade. Perfis de aplicativos de stream, conta em navegadores, nossos avatares personalizados já fornecem dados para que os algoritmos nos indiquem séries, músicas e produtos através das publicidades.
"Como que isso se relaciona com os NFTs? Vou dar um exemplo para ficar mais fácil de entender. A Nike no ano passado criou um tênis em formato de NFT para ser usado pelos avatares no metaverso, então cada tênis vendido pela Nike seria um token único que cada avatar poderia ter para viver essas experiências. Basicamente, podemos criar itens únicos para serem utilizados nesse novo ambiente virtual", explicou Raquel.
Em 2021, muitos dos NFTs acabaram valorizando um pouco mais que o bitcoin em termos percentuais, porém o mercado ainda exige alguma cautela. Para Raquel, é importante perceber que, diferentemente das criptomoedas, os NTFs são ligeiramente novos, e trocar investimentos pode ser uma jogada arriscada.
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"Quando falamos em capitalização, o bitcoin está no 'top um', ou seja, quando ele valoriza, todas as outras altcoins [demais criptomoedas alternativas] acompanham. O inverso também acontece, se o bitcoin desvaloriza, o mercado acompanha. Então é preciso pensar na reação do mercado antes de trocar", aconselha Raquel.
A especialista lembra ainda que "nada impede que você tenha bitcoin e uma outra criptomoeda ou outras criptomoedas na carteira bem como outros tokens". Para ela, a diversificação de investimentos pode ser uma boa saída para acumular ativos neste mercado.
Quando perguntada sobre o futuro do potencial de investimento do NFT, Raquel disse acreditar que este é "um dos mais promissores do mercado de cripto", mas acrescentou que ele está apenas começando.
"A volatilidade ainda é muito grande. A gente consegue pegar no período mais curto de tempo uma valorização grande dos NFTs, mas eles ainda não passaram pela prova do tempo, o que acaba tornando um mercado de alto risco por ainda não conferir segurança total, no entanto, ele pode trazer um potencial de retorno gigantesco para cada investidor", concluiu.
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