Panorama internacional

Líder da RPD diz que situação em Donbass é comparável ao bombardeio da OTAN na Iugoslávia

Falando com exclusividade para a Sputnik, o chefe da República Popular de Donetsk (RPD), Denis Pushilin, explicou quais são as dificuldades em Donbass, palco de uma crise humanitária "ignorada" pelo Ocidente há muitos anos.
Sputnik
"A situação em Donbass é comparável à da Iugoslávia durante os bombardeios da OTAN [Organização do Tratado Atlântico Norte] em 1999", disse o chefe da RPD, Denis Pushilin, em uma fala que resume o desalento na região.
Em uma entrevista para a Sputnik, Pushilin disse que a República Popular de Donetsk enfrenta todos os tipos de crimes de guerra dos batalhões ultranacionalistas da Ucrânia, enquanto busca a retirada de civis pelos corredores humanitários.
Membros do Regimento Azov, em Mariupol. Foto de arquivo
"Dos oito anos em que enfrentamos a agressão armada ucraniana, sabemos que podemos esperar qualquer coisa dos batalhões nacionalistas. O regime de Kiev está intensificando seu terrorismo", comentou.
Pushilin falou ainda sobre os recentes relatos do uso de civis pelos combatentes Azov como escudos humanos nas cidades sitiadas.
"Eles organizaram o caos impunemente, escondendo-se atrás da população civil. Agora, eles não estão permitindo que a população civil deixe as cidades", afirmou.
Combatentes do batalhão Azov prestam juramento em Kiev antes de serem enviados a Donbass, julho de 2014 . Foto de arquivo
Em sua entrevista, Pushilin apresentou o cenário de uma região em constante conflito desde 2014. Ele explicou que, "em Mariupol e em outras cidades, estamos vendo o quadro real de suas atrocidades. Durante todos os anos de conflito, a mesma coisa aconteceu em nossa terra [Donbass]".
A Rússia e seus aliados da República Popular de Donetsk e Lugansk iniciaram uma operação militar na Ucrânia no final de fevereiro, após semanas de escalada de bombardeios, franco-atiradores e ataques de sabotagem das forças de Kiev.
A crise de segurança é o culminar de uma calamidade que começou em 2014, quando forças apoiadas pelo Ocidente derrubaram o governo da Ucrânia em um golpe.
Mulher junto de casa destruída em Nikolaevka, República Popular de Donetsk. Foto de arquivo

"Quando liberamos assentamentos, vemos que as pessoas vivem em um desastre humanitário. Infelizmente, a situação em Donbass tem muito em comum com a da Sérvia quando estava sendo bombardeada pela OTAN. E as mesmas partes interessadas estão por trás desses crimes. É o mesmo cenário", sugeriu Pushilin.

Ele disse que as formações ucranianas deixam "destruição e medo em seu rastro", enquanto se retiram de suas posições, eliminando eletricidade, água e até mesmo as comunicações.
"As pessoas ficam exultantes quando encontram as forças da RPD e da Rússia. Imediatamente começamos a reconstrução. As pessoas têm esperança de uma paz rápida e um retorno à vida normal", disse Pushilin.
1 / 6
Trabalhadores limpam escombros de um centro de treinamento policial em Novi Sad, no norte da Iugoslávia, que foi destruída durante ataques aéreos da OTAN em 25 de março de 1999 (imagem de arquivo).
2 / 6
Imagem da Estação dos correios central de Pristina destruído pela OTAN, Iugoslávia, 15 de junho de 1999
3 / 6
Antigo edifício do Ministério da Defesa, em Belgrado, destruído após o bombardeio da OTAN em 1999.
4 / 6
Chamas dos incêndios em resultado dos ataques aéreos da OTAN iluminam o céu de Belgrado, Iugoslávia, 24 de março de 1999
5 / 6
Iugoslávia durante bombardeio da OTAN, 1999.
6 / 6
Imagem da ponte através do Danúbio no norte da Sérvia que foi destruída pela OTAN transmitida pela televisão sérvia, Iugoslávia, 3 de abril de 1999

Operação militar liderada pela Rússia não veio do nada

Autoridades e meios de comunicação ocidentais passaram mais de uma semana acusando a Rússia e seus aliados de Donbass de um ato não provocado e inesperado de "agressão" contra a Ucrânia, sugerindo que não havia justificativa para a operação militar iniciada em 24 de fevereiro.
Pushilin não compartilha dessa visão. "Até o final do ano passado e o início deste ano, a Ucrânia estava concentrando forças ao longo da linha vermelha, enquanto entregas maciças de armas estavam sendo feitas para Kiev dos Estados Unidos e dos países da OTAN", comentou.
Panorama internacional
Moscou: Rússia não começou ações militares, ela está as terminando após 8 anos de guerra em Donbass

O líder mencionou armamentos como Bayraktar [drones], mísseis antitanque Javelin, Stinger MANPADs, e uma imensa lista de munições e pequenas bombas. "Toneladas de armas foram injetadas na Ucrânia e transferidas com urgência para Donbass", disse Pushilin.

Isso foi seguido por "bombardeios, provocações e ameaças de ataques químicos", disse ele, acrescentando que a inteligência da RPD mostrou que Kiev havia feito todos os preparativos necessários para uma ofensiva militar total em Donbass.
Desde o início da operação especial militar da Rússia na Ucrânia, a Sputnik relatou que cerca de 2.000 toneladas de armas modernas, munições e equipamentos de proteção foram fornecidos à Ucrânia no primeiro mês e meio de 2022.
Além disso, de acordo com o serviço de inteligência russo, países da OTAN estão enviando terroristas estrangeiros para a Ucrânia. Alguns deles teriam recebido treinamento em Al-Tanf, uma base na Síria controlada pelos EUA.
Casa residencial destruída em Nikolaevka, República Popular de Donetsk
Pushilin revelou que no espaço de 16 dias de escalada em fevereiro, antes que as forças lideradas pela Rússia iniciassem sua operação militar para desmilitarizar a Ucrânia, Kiev realizou quase 800 ataques contra cidades em Donbass, usando todos os calibres de armas, incluindo as táticas Tochka-U, mísseis e artilharia de foguetes BM-21 Grad.
Esses ataques mataram 26 civis e feriram outros 109, incluindo sete crianças. Cerca de 514 casas e blocos de apartamentos foram danificados, juntamente com 198 peças de infraestrutura civil, incluindo hospitais, escolas e infraestrutura crítica, desde estações de eletricidade, água e até gás.
O reconhecimento de Moscou tornou-se um ponto de partida para as mudanças que Donbass esperava "há oito longos anos", destacou Pushilin, acrescentando que o povo da RPD e da RPL "experimentaram sentimentos de alegria e gratidão" pela decisão da Rússia.
Pessoas com bandeiras russas lançam fogos de artifício nas ruas de Donetsk após Rússia ter reconhecido a independência das repúblicas de Donbass, 21 de fevereiro de 2022
Pushilin diz que 39 assentamentos foram libertados das forças de Kiev durante a operação militar iniciada em 24 de fevereiro.
"Precisamos empurrar os militares ucranianos e seus armamentos mortais para longe de nossas cidades, para que as pessoas possam finalmente viver em paz e calma", concluiu o chefe da RPD.
Caro visitante, tendo em vista o risco de a Sputnik Brasil sofrer bloqueios na Internet, para não perder nosso conteúdo, se inscreva em nosso canal no Telegram.
Panorama internacional
11º dia da operação especial da Rússia na Ucrânia
Comentar