Um plano, segundo o qual os EUA transfeririam aviões de propriedade polonesa para a Ucrânia, corre o risco de arrastar a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) diretamente para um conflito militar entre Kiev e Moscou, disse o Pentágono, que aparentemente rejeitou um acordo proposto anteriormente por Varsóvia.
Na terça-feira (8), a Polônia anunciou que estava pronta para implantar "imediata e gratuitamente" sua frota de jatos MiG-29 para uma base da OTAN na Alemanha e entregá-los aos militares dos EUA. Em troca, Washington forneceria a Varsóvia "aeronaves usadas com capacidades operacionais correspondentes" para abastecer sua frota.
Respondendo ao acordo proposto nesta terça-feira, o Pentágono sinalizou que estava relutante em desempenhar qualquer papel no assunto.
"A perspectiva de caças 'à disposição do governo dos Estados Unidos da América' partindo de uma base dos EUA/OTAN na Alemanha para voar no espaço aéreo que é contestado pela Rússia sobre a Ucrânia levanta sérias preocupações para toda a aliança da OTAN", disse o porta-voz do Pentágono, John F. Kirby.
Apontando para potenciais "desafios logísticos" que tal plano pode encontrar, Kirby disse que "não estava claro" para o Pentágono se a ação era justificada.
"Não acreditamos que a proposta da Polônia seja sustentável", observou ele, acrescentando que Washington continuaria a discutir o assunto com a Polônia e outros Estados-membros da OTAN. Ao mesmo tempo, Kirby disse que a Polônia estava no direito de dar seus próprios aviões de guerra à Ucrânia, acrescentando que a decisão era, "em última análise, para o governo polonês".
Na semana passada, o presidente polonês Andrzej Duda pareceu descartar a ideia de que Varsóvia entregaria caças à Ucrânia por conta própria. "Não estamos enviando nenhuns jatos para a Ucrânia porque isso abriria uma interferência militar no conflito ucraniano. Não estamos nos juntando a esse conflito", disse Duda em entrevista coletiva conjunta com o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg.
Kiev tem pedido ao Ocidente que forneça aviões de guerra e drones de sistemas antiaéreos enquanto a operação militar especial russa na Ucrânia entra em sua segunda semana.
O presidente ucraniano Vladimir Zelensky também instou a OTAN a implementar uma "zona de exclusão aérea" sobre o país. No entanto, a aliança se recusou a fazê-lo, apontando que tal movimento resultaria em uma "guerra de pleno direito na Europa envolvendo muitos outros países".