Panorama internacional

Proibição dos EUA à energia russa exclui item-chave para garantia de abastecimento, diz mídia

O presidente Biden assinou uma ordem executiva proibindo a importação de suprimentos de energia russos nesta terça-feira (8), alegando que a medida seria um "golpe poderoso" ao presidente russo, Vladimir Putin.
Sputnik
A Rússia responde por apenas uma fatia do consumo de petróleo norte-americano, mas junto com seus aliados da Ásia Central fornece aos EUA quase metade de um recurso energético essencial: o urânio.
Segundo uma fonte da Reuters, as importações americanas de urânio russo não serão afetadas pela proibição do presidente Biden. O texto da ordem executiva assinada pelo presidente norte-americano, na terça-feira (8), não inclui o urânio em sua lista de produtos energéticos russos proibidos.
As usinas nucleares respondem por cerca de 8,9% das necessidades de energia dos EUA, incluindo 20% da eletricidade do país, mas os Estados Unidos não têm instalações ativas de produção ou processamento de urânio, estando totalmente dependente das importações.

Dados extrapolados da Administração de Informações sobre Energia dos EUA revelam que 46% do urânio usado pelas 56 usinas nucleares operacionais dos EUA é importado da Rússia e seus aliados cazaques e uzbeques, com apenas 22% vindo do Canadá, 11% da Austrália e 5% da Namíbia. Somente em 2020, os EUA teriam comprado cerca de 10,2 milhões de quilos de urânio da Rússia, Cazaquistão e Uzbequistão.

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De acordo com a mídia norte-americana, na semana passada, o Instituto Nacional de Energia (um grupo comercial de empresas de geração de energia nuclear dos EUA incluindo Duke Energy Corp e Exelon Corp) havia se envolvido em um forte lobby da Casa Branca para manter as entregas de urânio russas fora de quaisquer planos de sanções em meio a temores de que sua inclusão poderia causar um aumento dramático nos preços da eletricidade nos EUA.
"A indústria [nuclear dos EUA] é apenas viciada em urânio russo barato", disse uma fonte familiarizada com a agenda de lobby à Reuters, na semana passada.
O governo Trump chegou a propor a criação de uma reserva estratégica de urânio de US$ 150 milhões (cerca de R$ 549 milhões) em 2020, mas a reserva ainda não ganhou força, apesar do apoio da equipe de Biden.
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História antiga

Os Estados Unidos têm sido fortemente dependentes das importações de urânio da Rússia desde o início da década de 1990. Em 1993, foi assinado um acordo de 20 anos entre os países no valor de US$ 11,9 bilhões (cerca de R$ 43,5 milhões) para a entrega de mais de 550 toneladas métricas de urânio altamente enriquecido de dezenas de milhares de ogivas nucleares russas sucateadas para os Estados Unidos para uso em centrais nucleares.
Envolto em segredos e controvérsias sobre o valor que deveria ter sido adotado, o acordo forneceu cerca de 10% de toda a eletricidade gerada nos Estados Unidos durante um período de 15 anos.
Após o término do acordo, os EUA e a Rosatom da Rússia assinaram novos contratos comerciais, mas agora a preços de mercado justos e estabelecidos internacionalmente.
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