As primeiras vítimas são os caminhoneiros, que na Espanha e na Itália "cruzaram os braços" e anunciaram uma paralisação geral por conta dos preços do diesel.
A Plataforma para a Defesa do Setor de Transporte Rodoviário de Carga, que reúne empresas e freelancers de toda a Espanha, pede ao governo para que volte a negociar os valores, e convocou uma greve nacional por tempo indeterminado a partir do próximo dia 14 de março.
"Cerca de 90% das empresas de transporte (médias e pequenas) estão em situação econômica de falência total, assim como as condições de trabalho são totalmente precárias em todos os sentidos", denuncia a Plataforma Nacional.
"O problema é que as tarifas são as mesmas de 30 anos atrás, e os carregadores e as grandes cadeias alimentares se recusam a assumir o aumento do diesel", disse Miguel Cánovas, membro do conselho de administração da Plataforma Nacional.
Na Itália, os caminhoneiros se recusam a trabalhar pelos mesmos motivos. Após uma série de variações na semana passada, os preços dos combustíveis sobem progressivamente.
A situação do transporte marítimo não é melhor. O segmento também está paralisado e os trabalhadores, nas recentes manifestações, apresentam faixas dizendo: "Sem dinheiro por combustível".
As consequências do aumento dos preços dos combustíveis serão sentidas por todos os habitantes do país. A associação italiana de transportadores de carga, a Trasportounito, anunciou a rescisão do trabalho dos caminhoneiros a partir de 14 de março.
Caminhoneiros no Brasil
Pressionada pela retaliação dos Estados Unidos aos suprimentos de energia russos, a Petrobras anunciou nesta quinta-feira (10) o reajuste dos preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha. No caso da gasolina, o reajuste fixado para as distribuidoras é de 18,8%. Para o diesel o aumento ficou em 24,9%.
Pela primeira vez na história, o preço médio do litro da gasolina no Brasil vai ser elevado para R$ 7 — sem contar a taxação de impostos e os lucros dos revendedores, ou seja, os postos de gasolina. O diesel, por sua vez, pode chegar a um valor médio em torno de R$ 6,40 por litro.
Informações publicadas pela revista Veja indicam que o aumento nos valores já atinge os caminhoneiros.
Iliseu Kosooski, um dos líderes de caminhoneiros mapeados pelo ministério da Infraestrutura no movimento que fechou rodovias no ano passado, afirmou que "simplesmente os caminhoneiros não vão trabalhar no prejuízo".
Outro líder, Fábio COD12, como é conhecido o caminhoneiro que atua na região do Vale da Paraíba, disse o mesmo: "Paralisação de rodovias não. Mas muitos caminhoneiros não vão carregar por estes dias, vamos ficar parados em casa".
Vale lembrar que o Senado aprovou nesta quinta-feira (10) um projeto que altera a cobrança de ICMS e outro que cria um fundo para estabilizar os preços. Mas os dois projetos precisam passar pela Câmara.