Panorama internacional

Em qualquer cenário 'Maduro sairá ganhando', diz ex-ministro de Chávez sobre crise do petróleo

Economista que foi ministro de Hugo Chávez, ex-presidente venezuelano, diz que vender petróleo aos EUA "muda o jogo" na Venezuela.
Sputnik
A América Latina olha com atenção para a operação militar especial da Rússia na Ucrânia. A Venezuela, particularmente, foi alçada nos últimos dias pelos EUA a possível substituta do petróleo russo, alvo de sanções do governo de Joe Biden.
Há muita especulação sobre o assunto no momento. Recentes declarações de altos funcionários norte-americanos indicam que Biden está disposto a "reconsiderar" algumas penalizações contra a Venezuela, mas sob condições específicas.
Por outro lado, em entrevista à Sputnik, o deputado venezuelano Jesús Faría afirmou que a Venezuela não vai se sujeitar a nenhum tipo de condição que o governo dos Estados Unidos pretenda impor.
Enquanto o impasse é discutido pelos países, o economista Victor Alvarez, ex-ministro de Indústria e Comércio na era Hugo Chávez, concedeu uma entrevista à revista Veja e explicou o que significa o possível fim das sanções dos EUA à Venezuela.
Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, aplaude durante evento na sede da empresa petrolífera estatal PDVSA, em Caracas, 19 de fevereiro de 2021.
No centro do tabuleiro está a PDVSA (Petróleos de Venezuela, S.A.), petrolífera que foi devastada na última década em função das restrições dos EUA ao governo de Nicolás Maduro. A PDVSA chegou a produzir nos anos 2000 mais de 3 milhões de barris por dia. Atualmente estacionou em 500 mil.

Para Victor Alvarez, "sem as sanções, a Chevron e outras multinacionais voltam a operar em solo venezuelano e são capazes de produzir 1,2 milhão de barris por dia, o que resolve sem sustos a demanda norte-americana".

Ele avaliou que os recursos que entrariam no país "estão longe de ser a salvação da Venezuela, mas podem ser, sim, a salvação do governo Maduro". Por outro lado, relembrou que o presidente enfrenta resistências internas ante uma aproximação com os Estados Unidos.
Questionado sobre a possibilidade de os bloqueios à Rússia serem também um baque para a Venezuela, o economista disse que "eles tiram oxigênio financeiro de Maduro, uma vez que os bancos russos foram banidos do sistema SWIFT [na sigla em inglês, Sociedade Mundial de Telecomunicações Financeiras Interbancárias] e não é possível receber pagamentos e transferências deles".
Para Alvarez, a China, alinhada com a Venezuela, tem força para mudar o atual cenário. "Os incentivos chineses podem embaralhar tudo. Maduro navega hoje neste mar de cenários. O fato é que em qualquer um deles sai ganhando. É um sobrevivente", comentou.

EUA x Venezuela

Em 2019, os EUA romperam relações diplomáticas com Nicolás Maduro e fecharam sua embaixada em Caracas, após acusação de fraude nas últimas eleições venezuelanas.
À época, o governo do ex-presidente Donald Trump impôs sanções às exportações do petróleo do país e a altos funcionários, reconhecendo o líder da oposição, Juan Guaidó, como presidente.
Maduro respondeu às penalizações buscando ajuda econômica e diplomática da Rússia, assim como do Irã e da China.
As empresas de energia e os bancos russos têm sido essenciais para permitir que a Venezuela continue exportando petróleo, maior fonte de renda do país no exterior, apesar das restrições, segundo empresários e autoridades dos EUA e da Venezuela.
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