As empresas japonesas Mitsui & Co. e Mitsubishi continuarão participando do projeto de petróleo e gás natural Sakhalin-2 na ilha russa de Sakhalin, apesar da saída da multinacional britânica Shell, informou no domingo (13) o jornal Nikkei.
Com quase 10% das necessidades de abastecimento de gás natural liquefeito (GNL) do Japão asseguradas pelo projeto, um executivo energético teria dito a altos funcionários do Ministério da Economia, Comércio e Indústria que "a posição do Japão nos seus interesses em Sakhalin é altamente diferente que a da Europa e dos EUA".
O projeto de GNL, o primeiro da Rússia, e cujo fornecimento começou em 2009, tem uma participação de 12,5% da Mitsui e de 10% da Mitsubishi, sendo 60% das dez milhões de toneladas transportadas para o Japão, e constituindo quase todas as importações de GNL da Rússia, aponta o Nikkei.
Contrário da Shell, cuja participação estava principalmente ligada aos mercados asiáticos, as empresas japonesas integraram o gás do Sakhalin-2, que chega ao Japão em três dias, nas redes de fornecimento do país, em lugar do transporte do Oriente Médio, que dura duas semanas. Uma saída agora foi estimada custar quase US$ 20 bilhões (R$ 101,5 bilhões) ao público japonês, o que acrescentaria pressão à atual subida de seus preços de eletricidade e gás.
Outro dos perigos referidos é que "a China assumirá os interesses", devido ao projeto continuar independentemente de uma saída do Japão, o que levaria a uma monopolização de interesses no Extremo Oriente por parte de Pequim e Moscou, e consequente maior influência na diplomacia e segurança energética. Nesse caso os japoneses estariam "abandonando nossos interesses, sem efeito de sanções na Rússia".
"Uma saída beneficiará a Rússia e a China", concluiu um documento apresentado pelo Ministério da Economia, Comércio e Indústria.
Os funcionários do ministério creem assim que "os interesses são muito importantes", apesar de apontarem a possibilidade da União Europeia abandonar a importação de petróleo e gás da Rússia, o que pioraria as relações com "países amigáveis" se o Japão não seguir o exemplo. Assim, eles concordam que é necessário "adotar uma estratégia desrussificadora" a longo prazo.