O plano de implementação dos Acordos de Minsk e respectiva pacificação da situação em Donbass falharam pela inércia de Kiev e Washington nos últimos sete anos nesse sentido, opinou Viktor Yanukovich, que foi presidente da Ucrânia entre 2010 e 2014, antes de ser forçado a deixar o país após um golpe de Estado pró-ocidental.
"Foi criado um grupo de iniciativa dos mais variados distritos e países – Ucrânia, Rússia, Israel, EUA e outros. São industrialistas, empresários, figuras religiosas, cientistas, jornalistas. Foi desenvolvido um plano de implementação dos Acordos de Minsk no menor tempo possível", disse Yanukovich em entrevista à Sputnik.
Yanukovich afirmou que estava previsto que o plano fosse assinado pelo presidente da Ucrânia e um representante autorizado da região de Donbass, com garantias de segurança da Rússia e dos EUA.
"Desde 2015 e até o início de 2022, o grupo de iniciativa conduziu muito trabalho organizacional, negociações, persuasão e explicações com representantes da Ucrânia, Rússia e EUA e alguns outros países da UE [União Europeia]. Fomos geralmente ouvidos, as discussões costumavam decorrer corretamente e ninguém negava que era necessário atingir a paz. Mas no final não houve nem 'sim' nem 'não'", segundo o ex-presidente ucraniano.
Isso, explica, aconteceu porque "os representantes oficiais da Ucrânia sabotaram deliberadamente a questão de resolução pacífica [do conflito], enquanto a administração americana, após a chegada de Joe Biden, disse que 'estão em andamento discussões internas, há muitas contradições internas'".
Viktor Yanukovich detalhou que havia um plano com o presidente Vladimir Zelensky que incluía a implementação da paz em Donbass, a criação de um Fundo de Recuperação Internacional de Donbass e a reintegração plena da região na Ucrânia. Além disso, indica, as propostas incluíam garantias de desegurança dos EUA e da Rússia.
"Nossos representantes entregaram esse projeto a Vladimir Zelensky para revisão e estudo. Concordamos que após o estudo nos seria dada uma resposta. A resposta nos chegou muito em breve: 'Isso não nos interessa'. Meus homens ficaram indignados: se não lhes interessa a paz, então que respondam qual é seu interesse", sublinhou o ex-político.