Em recente estudo publicado na The Astronomical Journal, divulgado pela Science Alert, uma nova análise usando características revisadas concluiu que os objetos Kepler-854b, Kepler-840b e Kepler-699b parecem ser grandes demais para serem exoplanetas. Isso significa que eles devem ser estrelas. O quarto objeto, Kepler-747b, no entanto, ainda é um caso limítrofe que pode exigir um pouco mais de informação para ser resolvido.
A descoberta nos coloca um pouco mais longe do marco de 5.000 exoplanetas confirmados, mas também significa que a metodologia para determinar exoplanetas está cada vez mais precisa.
"Em geral, este estudo torna a lista atual de planetas mais completa", diz o astrofísico do Instituto Kavli de Astrofísica e Pesquisa Espacial do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) Avi Shporer.
"As pessoas confiam nesta lista para estudar a população de planetas como um todo. Se você usar uma amostra com alguns intrusos, seus resultados podem ser imprecisos. Portanto, é importante que a lista de planetas não esteja comprometida", afirmou o pesquisador.
O método da curva de fase para estudar planetas extra-solares, ou exoplanetas, visa compreender a posição de um planeta em relação à sua estrela hospedeira, observando a luz total coletada por um telescópio para incluir uma fração variável de luz refletida do planeta, de maneira semelhante a como experimentamos as fases da Lua
© Foto / ESA
Segundo os cientistas as linhas que separam as massas de planetas e estrelas podem ser um pouco tênues, com alguma sobreposição entre elas, mas há limites. Abaixo de um certo limite, os objetos se tornam pequenos demais para gerar a pressão e a temperatura do núcleo é insuficiente para acender a fusão de hidrogênio que alimenta uma estrela. Acima de um certo limite, um objeto tem que ser uma estrela de algum tipo.
"A maioria dos exoplanetas são do tamanho de Júpiter ou muito menores", explica o astrônomo do MIT Prajwal Niraula, que liderou o estudo. "O dobro [do tamanho] de Júpiter já é suspeito. Maior que isso não pode ser um planeta."
Na medida que os instrumentos e técnicas melhoraram, os cientistas começaram a usar algo chamado "curva de fase" para estudar exoplanetas. O modelo incorpora a luz da estrela que o exoplaneta reflete enquanto orbita, fornecendo mais informações sobre o corpo em órbita.
Kepler-854b foi o primeiro indício de que algo poderia estar errado.
"De repente, tivemos um sistema onde vimos este sinal elipsoidal que era enorme, e quase imediatamente soubemos que não poderia ser de um planeta", diz Shporer. "Então pensamos, algo não bate."
Quando Niraula e seus colegas revisitaram as propriedades do exoplaneta com dados revisados do projeto Gaia (que mapeia a posição precisa e o movimento de estrelas da Via Láctea no espaço tridimensional), eles descobriram que o exoplaneta era muito maior do que se pensava, cerca de três vezes o tamanho de Júpiter. Eles também calcularam sua massa, cerca de 239 vezes a de Júpiter, sendo que o limite superior para a massa de um planeta é de cerca de 10 Júpiteres.
"Não há como o Universo fazer um planeta desse tamanho", disse Shporer. "Isso simplesmente não existe."
Agora que o problema foi identificado, é improvável que existam muitas outras estrelas minúsculas por aí disfarçadas de exoplanetas confirmados, disse a equipe.