Ciência e sociedade

Ministro das Relações Exteriores da China pede 'profunda reflexão' sobre expansão da OTAN

A declaração dada por Wang Yi aconteceu durante reunião com seu homônimo argelino, Ramtane Lamamra, neste domingo (20).
Sputnik
O ministro chinês reforçou o discurso de Pequim e justificou a abstenção da China na votação durante sessão de emergência da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) que aprovou uma resolução contra a operação militar especial da Rússia na Ucrânia. Wang afirmou que sanções não são a única maneira de solucionar conflitos.

"Abster-se de votar também é uma atitude. É dar uma chance à paz. [A abstenção] não é a favor de resolver disputas com guerra e sanções. É uma atitude responsável", justificou o ministro em declaração divulgada por um porta-voz após reunião com o ministro das Relações Exteriores da Argélia, Ramtane Lamamra, e citada pelo South China Morning Post (SCMP).

A votação na sessão da ONU foi convocada pelo Conselho de Segurança da organização e recebeu 141 votos a favor, 35 abstenções e cinco votos contrários. Além da Rússia, votaram contra a resolução a Coreia do Norte, a Eritreia, Belarus e a Síria. A China foi um dos governos que se absteve de votar.
O Brasil apareceu entre os 141 votos a favor do texto, que pede um cessar-fogo imediato, a retirada de tropas e o início das negociações entre as partes.
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Ainda sobre a situação envolvendo a operação militar russa, Wang afirmou que é necessário realizar uma "profunda reflexão" sobre a expansão da OTAN em direção ao leste, movimento este classificado como uma ameaça pelo Kremlin. "O diálogo e a negociação são as soluções fundamentais. Na situação atual, devemos seguir por essa direção", afirmou o ministro.

"Ao lidar com questões complexas e opiniões diferentes, não devemos adotar uma abordagem simplista de ser inimigo ou amigo, ou preto e branco. Em particular, devemos resistir à mentalidade da Guerra Fria e ao confronto de campos opostos", analisou Wang.

A rotulação da atual postura dos EUA, OTAN e seus aliados, perante a Rússia, como uma nova Guerra Fria, vem sendo uma constante no discurso das lideranças chinesas. Wang Yi disse no último sábado (19), durante entrevista a um noticiário local, que Pequim reforça o posicionamento de busca pela paz no continente europeu, deixando para trás a mentalidade de Guerra Fria.
Também no sábado (19), Le Yucheng, vice-ministro das Relações Exteriores da China, afirmou que "o bloco militar [OTAN] é um remanescente da Guerra Fria". No dia 14, o enviado chinês à ONU, Zhang Jun, disse que "o mundo não precisa de uma nova Guerra Fria".
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