Depois do vazamento do áudio do ministro da Educação, Milton Ribeiro, no qual declara que o governo federal prioriza prefeituras cujos pedidos de liberação de verba foram negociados por pastores (que não têm cargo no governo), líderes do centrão veem como "grave" a situação, segundo o G1.
A preocupação dessa ala é que as falas de Ribeiro prejudiquem o presidente, Jair Bolsonaro (PL), em ano eleitoral. Entretanto, o mandatário gosta do ministro da Educação e espera desdobramentos do caso no Congresso e no Judiciário, segundo a mídia. O atual chefe da Educação faria parte do grupo de ministros "ideológicos" do governo.
Os dois pastores citados por Ribeiro são Gilmar Santos e Arilton Moura, e ambos têm bom trânsito na esfera federal desde o começo da gestão Bolsonaro.
Em Brasília, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro (à esquerda) posa ao lado do ministro da Educação, Milton Ribeiro, durante cerimônia, em 22 de outubro de 2020
© Folhapress / Pedro Ladeira
Pelo menos desde janeiro de 2021 a dupla tem negociado verbas federais com prefeituras para obras de escolas, quadras esportivas, creches e compra de equipamentos tecnológicos, conforme noticiado.
A prioridade das verbas concedidas às prefeituras que negociaram com os pastores foi um pedido do presidente, segundo o ministro.
"Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar", disse Ribeiro na conversa em que participaram prefeitos e os dois religiosos.
Depois que as falas do ministro vieram a público, Ribeiro admitiu encontro com pastores citados, mas isentou Bolsonaro.
"O presidente da República não pediu atendimento preferencial a ninguém, solicitou apenas que pudesse receber todos que nos procurassem, inclusive as pessoas citadas na reportagem [da Folha de São Paulo]", afirmou o ministro.