Anunciado nesta terça-feira (22), o Comando Espacial da Austrália será chefiado pelo vice-marechal do ar Cath Roberts. Segundo reportagem do South China Morning Post (SCMP), o ministro da Defesa da Austrália, Peter Dutton, comentou que o espaço será um campo de "maior significado militar ainda neste século".
"O espaço está se tornando mais congestionado e já é contestado, principalmente porque as fronteiras entre competição e conflito se tornam cada vez mais tênues por meio de atividades de zona cinzenta", disse o ministro.
De acordo com o SCMP, a postura australiana é de estruturar seu Comando Espacial como uma resposta aos avanços russos e chineses. Em seu discurso, Dutton citou nomeadamente as duas nações e acrescentou que quaisquer "países que veem o espaço como um território para eles tomarem, em vez de um para ser compartilhado" também são alvos de preocupação para o governo australiano.
A Força Espacial norte-americana foi criada em 2019, durante o governo de Donald Trump. As Tropas Espaciais da Rússia foram instauradas em 1992, logo após a queda da União Soviética, e reestruturadas em 2011, sendo substituídas pela Força de Defesa Aeroespacial. A China iniciou um programa semelhante em 2015.
O ministro australiano comentou que, no início, os investimentos na agência espacial militar serão "modestos", mas enfatizou a necessidade de estabelecer uma força espacial "para o futuro".
O anúncio do governo australiano acontece em meio a uma reestruturação militar no país. A liderança conservadora da Austrália anunciou no início do mês investimentos em suas forças de defesa, almejando um acréscimo para 80.000 soldados até 2040.
O Comando Espacial é somente mais um movimento na recente aproximação militar entre a Austrália e os EUA. Em setembro de 2021, os dois países, em conjunto com o Reino Unido, anunciaram a criação da AUKUS, uma nova aliança de segurança para o Indo-Pacífico, estabelecida com um pacto que permitirá um maior compartilhamento das capacidades de defesa entre os Estados envolvidos.
Muitos países, incluindo China e França, já demonstraram suas preocupações sobre os possíveis efeitos negativos do acordo trilateral. O governo chinês deixou claro que os envolvidos "ignoraram" todas as objeções, bem como as regras internacionais, ao firmarem a aliança.