Nesta quinta-feira (24), durante sessão do Senado brasileiro voltada para discutir a crise no Leste Europeu, o chanceler brasileiro, Carlos França, defendeu o presidente Jair Bolsonaro (PL) por ter expressado solidariedade à Rússia e criticou as sanções unilaterais impostas a Moscou por conta da operação especial russa, segundo a Folha de São Paulo.
"O Brasil não está de acordo com a aplicação de sanções unilaterais e seletivas. Essas medidas, além de ilegais perante o direito internacional, preservam concretamente os interesses urgentes de alguns países, como o fornecimento de petróleo e gás a nações europeias", afirmou.
Sem mencionar medidas específicas, o ministro das Relações Exteriores afirmou que as penalizações constituem uma perigosa ameaça ao sistema de comércio internacional, o que pode ter impacto na economia de todo o mundo.
"A aplicação dessas sanções seletivas por parte de certos países praticamente inviabiliza, no curto prazo, a realização de pagamentos em operações de exportação e importação com a Rússia."
Questionado sobre a viagem do presidente ao país, França disse que a prática da diplomacia brasileira é "promover a paz", acrescentando que a viagem havia sido muito planejada e que "estavam dadas as condições" para que ela fosse realizada, especialmente após a visita anterior de ministros brasileiros a Moscou.
Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, durante a cerimônia de aposição floral no Túmulo do Soldado Desconhecido no centro de Moscou, Rússia, 16 de fevereiro de 2022.
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O diplomata também contestou as críticas feitas a Bolsonaro por sua viagem, em particular as dos Estados Unidos.
"Não julgamos adequado que qualquer país possa fazer uma interpretação das declarações do nosso chefe de Estado. Entendo que a ideia de confiabilidade, de solidariedade, como o presidente falou, tem o sentido de solo, firme, confiável, [mostra] o Brasil como um parceiro confiável da Rússia dentro dos princípios que nós respeitamos."
Sobre a visão brasileira em relação à operação, França afirmou que o país segue "posições que correspondem à nossa tradição diplomática" e citou os Acordos de Minsk.
"O Brasil defende posições que correspondem à nossa tradição diplomática: cessar-fogo imediato; proteção de civis e de infraestrutura civil; acesso desimpedido a serviços humanitários; e a pronta solução política da questão, baseada nos Acordos de Minsk, aceitos em 2015 por ambas as partes hoje em conflito."
França acrescentou que está tentando marcar uma reunião com integrantes do governo norte-americano, segundo a mídia, para discutir a possibilidade de reduzir as sanções que impactam na comercialização de fertilizantes, essenciais para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro.