Pesquisadores encontraram no golfo do México o único naufrágio de um navio baleeiro conhecido no local, escreveu na quarta-feira (23) a agência norte-americana Associated Press (AP).
Com a ajuda de câmeras de robôs operados remotamente, a equipe da empresa SEARCH Inc. encontrou em fevereiro de 2022 o brigue Industry, 1.829 metros debaixo d'água, a cerca de 113 km da costa de Pascagoula, Mississippi.
Como aponta a AP, o afundamento aconteceu em 1836, 15 anos antes de Herman Melville publicar seu romance "Moby Dick", que narra a história de Pequod, um baleeiro do estado de Massachussets.
Imagem tirada em fevereiro de 2022 mostra objeto restante do que pesquisadores acreditam pertencer ao único naufrágio conhecido de um navio baleeiro no golfo do México
© AP Photo / Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA, na sigla em inglês) dos EUA
Um dos jornais da época relatou que o Industry, que media cerca de 20 m de comprimento, se afundou após uma tempestade e que toda a tripulação de 15 pessoas do navio foi salva por outro navio baleeiro que passava por perto, sendo os homens a bordo levados de volta a Westport, Massachussets.
As tripulações dos navios baleeiros da região eram geralmente mistas e incluíam homens negros, índios e mestiços, que enfrentavam discriminação no sul dos EUA, mas eram originários do estado de Massachussets, onde a escravatura foi abolida ainda nos anos 1780, segundo a AP.
"O golfo [do México] é um museu subaquático de alguns naufrágios incrivelmente bem-preservados", explicou Jim Delgado, pesquisador da SEARCH Inc., que poucos anos antes ajudou a identificar os restos do Clotilda, o último navio de escravos dos EUA.
Embora a madeira do Industry não tenha sido preservada, imagens capturadas pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA, na sigla em inglês) dos EUA mostram o contorno de um navio com âncoras, detritos metálicos e tijolos de um engenho semelhante a um fogão usado para extrair óleo da gordura de baleia no mar, disse Delgado.
O golfo do México tinha uma grande quantidade de baleias, consideradas valiosas pela quantidade e qualidade de seu óleo, sendo essa uma indústria próspera até ela colapsar no final do séc. XIX, detalhou Judith Lund, historiadora de baleias e ex-curadora do Museu da Baleia de New Bedford em Massachussets, EUA.