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'Decidi deixar a Ucrânia após governo criminalizar imprensa', diz jornalista brasileiro

O jornalista André Liohn, correspondente do UOL e da Folha de S.Paulo na Ucrânia, decidiu ontem (27) deixar o país após cinco semanas cobrindo os conflitos.
Sputnik
Entre as razões para que tenha deixado a Ucrânia, Liohn citou atos de censura por parte de forças policiais, além da criminalização de jornalistas pelo governo ucraniano.
Ao UOL, ele relatou sua saída por meio da fronteira da Polônia em um furgão com gatos. Ele conta que foi obrigado a permanecer por quase uma hora em um posto de comando controlado por soldados do Exército ucraniano.
Segundo ele, nesse momento, um guarda ucraniano o ameaçou, exigindo que passasse o seu telefone celular. "Eu, um jornalista italiano e nosso motorista ucraniano entregamos, então, os nossos celulares", revelou.
Ontem (27), Vladimir Zelensky decretou uma lei marcial que prevê até 12 anos de prisão para jornalistas que mencionem em seus artigos informações que possam, segundo o governo ucraniano, ser usadas pela Rússia.
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Entre os pontos previstos na lei, jornalistas não podem mencionar locais, datas e outros dados específicos sobre eventos sem que autoridades da Ucrânia tenham antes liberado a publicação.
André Liohn ainda conta que fotógrafos "foram levados contra a vontade para uma delegacia e mantidos lá até que seus empregadores, neste caso, a revista de um grande jornal norte-americano, conseguisse entrar em contato com autoridades locais provando a identidade dos fotógrafos".
"Um fotógrafo polonês foi severamente agredido por policiais no centro de Kiev em plena luz do dia e praticamente à vista de todos no local. Após apresentar sua credencial, ele ainda foi acusado de falsificar sua identidade, agredido fisicamente e exposto a violência moral", disse o brasileiro.
Desde o início da operação militar especial da Rússia, em 24 de fevereiro, "um jornalista foi morto por semana, em média, na Ucrânia. A responsabilidade por essas mortes recaiu sobre as tropas russas, mas sabemos que a chance de que esses profissionais tenham sido mortos por ucranianos, e não por russos, é muito grande", concluiu.
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