O presidente da Tunísia, Kais Saied, anunciou na TV estatal que está dissolvendo o Parlamento do país, oito meses depois de suspendê-lo em uma tomada de poder em julho.
"Hoje (30), neste momento histórico, anuncio a dissolução da Assembleia de Representantes do Povo para preservar o Estado e suas instituições", afirmou Saied.
O anúncio foi feito no mesmo dia (30) em que parlamentares tunisianos votaram para revogar os decretos presidenciais que suspendem o parlamento e dão a Kais Saied poder total sobre o país.
A iniciativa foi descrita pela Reuters como uma forma de desafiar abertamente o presidente.
Cerca de 120 parlamentares (de um total de 217) compareceram à sessão, on-line. A medida representa o desafio mais direto do Parlamento a Saied.
Embora a sessão possa enfatizar a crescente oposição a Saied e desafiar a legitimidade de seus movimentos, não é provável que altere seu controle do poder.
O aumento da confiança do Parlamento reflete o aumento da oposição ao presidente tunisiano, enquanto ele tenta reescrever a Constituição para assumir principalmente o controle do Judiciário.
Falando depois da sessão, Saied disse que dissolveria o parlamento. Ele instruiu o ministro da Justiça do país a abrir uma investigação sobre os membros que participaram do encontro.
A Tunísia abandonou o regime autocrático após uma revolução em 2011, introduzindo um sistema no qual o poder era compartilhado entre o presidente e o parlamento. Após anos de paralisia política e estagnação econômica, Saied, eleito em 2019, prometeu limpar a política tunisiana.
Seus críticos o acusam de encenar um golpe no verão passado, quando ele atacou as obrigações do parlamento eleito e fez mudanças profundas na legislação.