Ontem (3), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), debochou de momentos vividos pela jornalista Miriam Leitão após o golpe militar de 1964 no Brasil.
A hostilidade aconteceu por um post de Miriam no qual ela relembrou o golpe e escreveu na postagem: "Bolsonaro é inimigo confesso da democracia". O deputado respondeu ao tweet da jornalista dizendo "ainda com pena da cobra".
Segundo relatos da própria jornalista, durante a ditadura militar, ela foi presa no quartel do Exército em Vila Velha, no Espírito Santo, em dezembro de 1972 e torturada com tapas, chutes e golpes que abriram sua cabeça.
Além disso, teve de ficar nua em frente a dez soldados e três agentes de repressão e passar horas trancada em uma sala com uma jiboia – a cobra, citada por Eduardo Bolsonaro. Na época, a jornalista estava grávida de um mês, relata o UOL.
Depois do comentário do parlamentar, deputados acionaram o Conselho de Ética contra Eduardo. A representação será apresentada pelo PSOL, PCdoB e PT, sendo que a bancada do PSOL na Câmara também pedirá a cassação do filho de Bolsonaro, informou o presidente nacional do partido, Juliano Medeiros.
O deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ) classificou o deputado como um "monstro". A ex-deputada Manuela D’Ávila afirmou "que ele debocha do Brasil e de nossas instituições", segundo O Globo.
É a segunda vez em menos de uma semana que distorções envolvendo o período militar no Brasil, que durou 21 anos, vieram à tona.
Na semana passada, o Ministério Público Federal fez um pedido urgente à Justiça Federal do DF para que o Ministério da Defesa remova uma nota publicada na quarta-feira (30) na qual celebra o golpe de 1964.
Na nota, a pasta da Defesa brasileira diz que "o movimento de 31 de março de 1964 é um marco histórico da evolução política brasileira, pois refletiu os anseios e as aspirações da população da época", conforme noticiado.
O termo "movimento" em alusão direta ao golpe militar já havia sido usado em anos anteriores pelo governo Bolsonaro.