A Grande Nuvem de Magalhães (LMC, na sigla em inglês) é uma galáxia anã que está muito próxima da Via Láctea, a uma distância de 163.000 anos-luz. Ela é inclusive visível a olho nu em observações no Hemisfério Sul do nosso planeta.
Utilizando o Telescópio de Pesquisa Visível e Infravermelha para Astronomia (VISTA, na sigla em inglês) do ESO, no Chile, os pesquisadores foram capazes de estudar a movimentação das estrelas na galáxia anã e também suas órbitas alongadas com precisão nunca antes vista.
"O impressionante nível de detalhe nos mapas de velocidade mostra o quanto nosso método melhorou, em comparação com as primeiras medições de alguns anos atrás", disse o autor do estudo Thomas Schmidt, do Instituto Leibniz de Astrofísica Potsdam, na Alemanha.
A pesquisa foi publicada na revista acadêmica Royal Astronomical Society. A LMC é considerada uma galáxia irregular, em função de seu único braço espiral e a presença de uma estrutura barrada. Por conta de sua proximidade, a Grande Nuvem de Magalhães é um ótimo caso de estudo para os pesquisadores.
Observação realizada pelo telescópio VISTA mostrando a Grande Nuvem de Magalhães e suas órbitas alongadas
© Foto / AIP / F. Niederhofer
Utilizando o telescópio VISTA e suas medições de ondas quase infravermelhas compridas, é possível captar detalhes das dinâmicas estelares dentro da galáxia, realizando múltiplas observações de uma mesma estrela. O estudo analisou imagens registradas nos últimos nove anos.
Com todos esses dados, os cientistas conseguiram determinar mapas 3D das velocidades destas estrelas, algo inédito no campo da astronomia e que pode ajudar a revelar o mistério sobre a formação das galáxias.
"Nossa descoberta fornece uma contribuição importante para o estudo das propriedades dinâmicas das galáxias barradas, uma vez que as Nuvens de Magalhães são atualmente as únicas galáxias onde tais movimentos podem ser investigados usando movimentos estelares reais", explicou Florian Niederhofer, um dos astrônomos envolvidos no estudo.
Os autores do projeto esclareceram que a observação de "galáxias mais distantes", com esse mesmo nível de detalhe, ainda é algo "além das nossas capacidades técnicas".