O alto funcionário russo destacou que a provocação na cidade, localizada a 25 km de Kiev, ocorreu logo após o governo ucraniano indicar possíveis soluções para o conflito, incluindo entendimentos sobre a Crimeia e Donbass.
Segundo Lavrov, caso o Ocidente insista na tese do "massacre" russo em Bucha, existe o risco de que as negociações entre Rússia e Ucrânia repitam o destino dos acordos de Minsk.
"Para que tenhamos um progresso real, não uma ilusão, insistimos que seja enviado um sinal inequívoco a Kiev para não sabotar o processo. Caso contrário, corremos o risco de repetir o destino dos acordos de Minsk e nunca concordaremos com isso", afirmou o ministro.
Lavrov também se mostrou preocupado com a decisão de Kiev de exigir a ratificação de um possível acordo de paz e um referendo. Segundo ele, a medida poderá complicar o processo.
Soldados ucranianos em um tanque durante a operação da Rússia na Ucrânia em Bucha, na região de Kiev, Ucrânia, 2 de abril de 2022.
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Desde o último domingo (3), os meios de comunicação ucranianos e a mídia ocidental estão alinhados à narrativa de que a Rússia é a responsável por assassinatos em massa de civis na cidade ucraniana de Bucha, apontando imagens de corpos espalhados pelas ruas como evidência.
No entanto, há diversas inconsistências no caso. Uma delas é que as tropas russas se retiraram da região no dia 30 de março, e a denúncia veio a público quatro dias depois. Além disso, em um dos vídeos divulgados, usuários notaram que um dos "cadáveres" aparentemente move o braço para que não seja esmagado por rodas de veículos militares ucranianos.
O Kremlin afirma que as alegações ocidentais sobre Bucha são "mais uma provocação" destinada a caluniar a Rússia.
Moscou já solicitou duas vezes uma sessão urgente do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre o caso, mas ambos os pedidos foram recusados pelo Reino Unido, que atualmente preside o órgão.