Aparentemente há uma divisão no governo alemão sobre uma proposta para restaurar e entregar à Ucrânia cerca de 100 veículos de combate de infantaria Marder antigos. Políticos do Partido Verde estão pressionando pela decisão, mas o chanceler Olaf Scholz continua relutante, de acordo com matéria do Politico desta quinta-feira (7).
O atraso de Scholz na decisão final, esperada para esta semana, frustra seus proponentes, incluindo o vice-chanceler e ministro da Economia, Robert Habeck, e a ministra das Relações Exteriores, Annalena Baerbock.
Os membros do gabinete até agora se abstiveram de criticar publicamente o líder social-democrata, mas alguns legisladores foram mais abertos sobre sua frustração. Anton Hofreiter (Partido Verde), que preside o Comitê Parlamentar de Assuntos Europeus, disse ao Politico que a Alemanha deveria mostrar liderança e não se esconder atrás de outras nações.
Como muitos outros membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a Alemanha forneceu à Ucrânia equipamento militar, mas recusou-se a entregar armas pesadas. Scholz disse ao parlamento nesta semana que queria coordenar a proposta de entrega de blindados com a União Europeia (UE) e a OTAN, argumentando que "seria um grave erro para a Alemanha assumir um papel especial e um caminho especial".
A remessa proposta envolve veículos de combate de infantaria Marder desativados, armazenados por seu produtor, Rheinmetall. A maior parte da armadura terá que ser reformada antes que possa ser de alguma utilidade para os militares ucranianos.
As forças de Kiev também vão precisar de treinamento para usá-los e mantê-los, e a Alemanha vai ter de fornecer munições e peças de reposição. Berlim está preocupada que a transferência proposta possa arrastá-la para uma guerra com a Rússia.
Os defensores de armar a Ucrânia sugerem acelerar as coisas fornecendo Marders que estão atualmente em serviço ativo e usar os veículos desativados como substitutos, mais adiante. Eles também apelam à entrega de tanques de batalha principais do modelo Leopard e outras armas pesadas para a Ucrânia.
O Politico citou o diretor do think tank Global Public Policy Institute, em Berlim, Thorsten Benner, que argumentou que, ao fornecer os blindados à Ucrânia, a Alemanha poderia atenuar as críticas sobre sua dependência contínua do gás natural russo.
"Acho que é de importância central para a credibilidade alemã que não coloquemos freios em todos os lugares, mas que também haja uma área em que possamos liderar", disse ele. "E especialmente se for atualmente impossível para a Alemanha interromper os pagamentos de gás, que trazem bilhões ao [presidente russo Vladimir] Putin em um futuro próximo, então os tanques de batalha seriam uma boa alternativa."
Moscou iniciou sua operação especial militar em 24 de fevereiro, após o fracasso da Ucrânia em implementar os termos dos acordos de Minsk, assinados em 2014. Atendendo ao pedido de ajuda das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, recém-reconhecidas pela Rússia, a operação tinha por objetivo apenas a desmilitarização e desnazificação da Ucrânia.
Para que o conflito seja encerrado, a Rússia exigiu que a Ucrânia se declare oficialmente um país neutro, garantindo que nunca vai se juntar ao bloco militar da OTAN liderado pelos EUA.