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Mesmo em ano eleitoral, WhatsApp mantém segredo sobre dados compartilhados com Instagram e Facebook

Depois de quase um ano após suas políticas de privacidade serem atualizadas e questionadas por autoridades brasileiras, aplicativo ainda não deixou esclarecido como compartilha dados de usuários. Para analistas, Brasil recebe tratamento diferente do dado a europeus pela plataforma.
Sputnik
De acordo com especialistas ouvidos pelo jornal O Globo, mais de um ano após ter sua nova política de privacidade contestada por autoridades nacionais, o WhatsApp (plataforma pertencente à empresa extremista Meta, banida no território da Rússia) continua mantendo em segredo como compartilha dados de usuários brasileiros com outras empresas do grupo Meta como o Instagram e o Facebook (plataformas pertencentes à empresa extremista Meta, banida no território da Rússia).
Analistas apontam que a empresa não deixa claro se as normas, atualizadas em janeiro de 2021, podem abrir brechas para usos eleitorais indevidos, relata a mídia.
Segundo a pesquisadora do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) Juliana Oms, a política do WhatsApp permite que metadados coletados no aplicativo sejam incorporados ao modelo de negócios da Meta.
Assim, o Facebook, por exemplo, se utiliza dessas informações para vender publicidade específica a usuários com maior probabilidade de reagir àquele conteúdo.
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Portanto, em relação às eleições, qualquer pessoa ou empresa que contrate os serviços de publicidade da Meta pode turbinar notícias falsas a partir do uso de metadados colhidos anteriormente no WhatsApp, afirma a pesquisadora.

"Mesmo no período eleitoral, podem ser feitos disparos de mensagens com intuito político que não sejam categorizados como propaganda política, por exemplo, conteúdo antiaborto ou pró-armas", explica.

A pesquisadora acrescenta que "considerando que se trata de um aplicativo utilizado por esmagadora maioria da população, o que for decidido no caso do WhatsApp vai impactar os direitos de privacidade, de personalidade e liberdade de expressão dos brasileiros, com possíveis impactos até para a democracia".
Ao mesmo tempo, especialistas e autoridades criticam a postura do WhatsApp, que trata, segundo eles, os brasileiros como "usuários de segunda classe" em relação aos europeus. Isso porque os países da União Europeia receberam a atualização com conteúdo distinto do de outras regiões do mundo, incluindo o Brasil.
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Um levantamento elaborado pela Data Privacy Brasil para comparar as políticas de privacidade do WhatsApp aplicadas no país e no bloco europeu mostra que a versão europeia apresenta mais detalhes sobre a possibilidade de usos de informações pessoais entre o WhatsApp e as empresas da Meta — o que não acontece no caso brasileiro.
De acordo com a mídia, uma investigação da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) do Brasil se arrasta há mais de um ano sob sigilo. O órgão está analisando se o tratamento de dados dos consumidores pela empresa respeita as regras de proteção de dados pessoais.
Em relação à Europa, o aplicativo só atualizou os termos de uso na região após ter sido multado em € 225 milhões (R$ 1,3 bilhão à época), em setembro de 2021, por falta de transparência em como lida com informações pessoais de seus usuários.
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