No novo livro do diplomata norte-americano, Frederic Hof, intitulado "Alcançando as alturas: a história interna de uma tentativa secreta de alcançar a paz sírio-israelense", o autor revelou "o quão perto Israel e Síria estiveram de um acordo de paz bilateral" entre 2009 e 2011, informou o jornal Haaretz.
Na época, Hof serviu como embaixador e conselheiro especial para a transição na Síria sob o governo do então presidente dos EUA, Barack Obama.
A maior parte do livro do diplomata se concentra na descrição de suas reuniões "surpreendentemente bem-sucedidas" com o presidente sírio, Bashar al-Assad, e o então premiê israelense, Benjamin Netanyahu, no início de 2011.
Segundo o livro, no momento em que as negociações começaram, Damasco exigia o compromisso de Tel Aviv de se retirar completamente das Colinas de Golã. O Estado judeu teria recusado fazer tal promessa antes de receber uma prova concreta da intenção síria de alcançar uma paz completa e atender às necessidades de segurança de Israel, relata a mídia israelense.
Soldados israelenses e norte-americanos se reúnem em lugar com vista para a fronteira entre Israel-Síria em 9 de março de 2022
© AFP 2023 / Jalaa Marey
Um fato menos conhecido é que, paralelamente a esses esforços, o governo Obama fez uma tentativa secreta de mediar as conversas entre as duas nações. No entanto, ao contrário de esforços anteriores, o ponto principal da mediação norte-americana não era a fórmula usual de "terra pela paz", mas "terra em troca de mudança estratégica", diz o jornal.
Isso significava que, em troca de uma retirada total das Colinas de Golã, Israel deveria receber não apenas a paz com a Síria, mas também Damasco cortando laços com o Irã e o Hezbollah, arqui-inimigos do Estado judeu.
No final do dia, os esforços de mediação dos EUA foram "interrompidos devido à eclosão do conflito armado na sírio em março de 2011", observa o Haaretz, acrescentando que Hof estava "decepcionado com o tratamento dado à Síria pelo governo Obama".
O diplomata teria se tornado um crítico "franco" do ex-presidente e de sua política após renunciar ao governo no final daquele ano.
As relações atuais entre Damasco e Tel Aviv permanecem tensas, com o Estado judeu supostamente realizando uma série de ataques aéreos ao território sírio, os quais Tel Aviv diz ter como objetivo combater a suposta presença militar iraniana na Síria. Damasco condena tais ataques como violações da sua soberania nacional.