Ciência e sociedade

Cientistas explicam por que os 2 lados da Lua são tão diferentes

Pesquisadores de várias universidades nos EUA apontam um fenômeno de 4,3 bilhões de anos na Lua como possível explicação para o lado próximo e o lado oculto da Lua surgirem de forma diferente.
Sputnik
Cientistas podem ter explicado a razão de os dois lados da Lua terem aparências tão diferentes, segundo comunicado de quarta-feira (8) da Universidade Brown, do estado norte-americano de Rhode Island.
Os pesquisadores, que colaboraram com outras universidades norte-americanas, estudaram o impacto da bacia do polo sul – Aitken (SPA, na sigla em inglês), uma das colisões mais antigas que aconteceu na Lua, há 4,3 bilhões de anos, justamente a tempo de ser responsável pelas mudanças no interior lunar que fizeram com que seus lados parecessem diferentes.
"Sabemos que grandes impactos como o que formou a SPA criariam muito calor. A questão é como esse calor afeta as dinâmicas interiores da Lua. O que nós mostramos é que sob quaisquer condições plausíveis na época em que a SPA se formou, ela acaba concentrando estes elementos produtores de calor no lado visível", disse Matt Jones, pesquisador da Universidade Brown e autor principal do estudo publicado na revista Science Advances.
"Esperamos que isto tenha contribuído para o derretimento do manto que produziu os fluxos de lava que vemos na superfície", continuou ele.
Os estudos realizados desde os anos 1960 têm determinado que elementos como diferenças nos depósitos de vulcões e a composição geoquímica eram diferentes nos dois lados do satélite natural da Terra.
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Além disso, o lado próximo da Lua tem o terreno Procellarum KREEP (PKT, na sigla em inglês), uma anomalia composicional que inclui uma concentração de potássio, elementos terrestres raros, fósforo e elementos produtores de calor como o tório, que está concentrado em grande parte na planície vulcânica Oceanus Procellarum, e não é observado em nenhum outro lugar na Lua. Esse fator também poderia ser explicado pelo surgimento da SPA e pelo processo com que o calor que o formou impactou o KREEP.
Segundo a pesquisa, "o material do KREEP teria montado a onda de calor emanada da zona de impacto da SPA como um surfista", com a pluma de calor trazendo-a em massa ao lado próximo da Lua. A equipe realizou várias simulações para explorar diferentes cenários de impacto, mas todas elas acabaram sendo consistentes com as concentrações do KREEP no lado próximo, potencialmente explicando a anomalia.
O lado oculto da Lua é conhecido como sendo mais acidentado que o lado próximo, tendo significativamente mais crateras. Isso tem levado os cientistas a estudarem a razão dessa diferença ao longo do tempo.
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