Brasil tem condições de atender à demanda mundial por níquel?
"Mesmo considerando as reservas já mapeadas, têm-se as operações de lavra que envolvem perfuração, desmonte e transporte, seguidas pelas operações de beneficiamento, concentração e extração do metal. Tudo isso demanda um investimento maciço e, ainda, o licenciamento ambiental", explica o professor da Politécnica da UFRJ.
"A resposta mais rápida do Brasil à demanda mundial aquecida seria acelerar os projetos que estão programados e aumentar a produção das unidades em operação. Para médio e longo prazos, é necessário aumentar o conhecimento em detalhe das reservas brasileiras e estimular os investimentos no setor mineral", avalia o diretor do Ibram em entrevista à Sputnik Brasil.
"Basta observar qualquer gráfico de variação do preço médio [do níquel], que vem mostrando uma mudança de comportamento, passando de um produto cujo preço se encontrava lateralizado [...] [a um produto com] tendência de alta — a linha de tendência é de alta", afirma o professor da UFRJ Pedro Paulo Medeiros Ribeiro.
Investimento na produção de níquel tem espaço para crescer no Brasil
"Nível de conhecimento geológico em detalhe das reservas minerais, outros projetos (outros bens minerais) com maturidade mais avançada, decisões/estratégias de investidores e tecnologias muito restritivas para produção são as principais razões para o país possuir grande quantidade de reservas (estimadas) mas não ser grande produtor/exportador", afirma, acrescentando que há "muito espaço para investimentos" no setor no Brasil.
"Contudo as reservas de níquel na forma de sulfetos representam apenas um quarto de todas as fontes de níquel existentes. Devido à crescente demanda por esse metal, tornou-se necessária a explotação do mesmo a partir das lateritas, essas que representam três quartos de toda a reserva de níquel do planeta", aponta o pesquisador.
"O Brasil tem uma reserva estimada de níquel que fica em torno de 12 milhões de toneladas, sendo grande parte de minério laterítico. As lateritas não possuem composição simples nem rota de processo bem estabelecida e economicamente viável para a extração do níquel. Por esse motivo, as empresas do setor, muitas vezes, optam por rotas de processamento de menor investimento inicial e custo operacional como a lixiviação em pilhas. Essas rotas demandam muito tempo para a extração do níquel laterítico e acabam sendo um fator que contribui para a produção abaixo do esperado", explica o professor.
"Há espaço, sim, para investimento no setor. Acredito que o Brasil possa alavancar não só a produção nacional de minério de níquel para exportação, mas também a produção de níquel metálico, sulfato e hidróxido de níquel e cobalto (MHP) para exportação e mercado interno", conclui.