Após sua visita a Moscou, o chanceler austríaco Karl Nehammer afirmou que o presidente russo, Vladimir Putin, lhe garantiu que o gás vai continuar a ser entregue ao país e que Viena pode continuar pagando em euros.
O chanceler também observou que a Áustria, que ainda recebe 80% de seu gás da Rússia, se opõe a um embargo de gás imediato da União Europeia (UE) a Moscou, argumentando que isso simplesmente não é possível no momento e significaria que tanto a indústria austríaca quanto as famílias sofreriam sérios danos, embora não tenha muito efeito sobre a Rússia.
"Você sabe, há uma decisão na UE de que devemos tentar de tudo para nos tornarmos independentes do gás russo. E esta é também a vontade da Áustria, com certeza. Mas não é possível agora. Vai levar tempo", disse Nehammer em entrevista à CNN após sua visita a Moscou.
"A Áustria mantém-se firme com os outros Estados-membros da UE com as sanções contra a Federação da Rússia, mas as sanções devem prejudicar mais a Rússia do que a União Europeia", afirmou. No início deste mês, a maior empresa de energia da Áustria afirmou que seria "impossível" parar de comprar gás russo neste ano, já que o país não tinha acesso a fontes alternativas de energia, nem os EUA nem o Catar produzem gás natural liquefeito (GNL) suficiente para substituir as importações russas e simplesmente não há navios e terminais suficientes na UE para aceitar as suas entregas. A UE importa atualmente 40-45% de todo o seu gás natural da Rússia, que é utilizado para aquecimento e para fins industriais.
Em 31 de março, o presidente russo, Vladimir Putin, assinou um decreto exigindo que os pagamentos do gás russo sejam feitos em rublos a partir de 1º de abril. A medida diz respeito especificamente a "países hostis" que impuseram sanções econômicas à Rússia após o início do conflito na Ucrânia e congelaram as reservas estrangeiras de Moscou. O Kremlin alertou que a falta de pagamento do gás significaria que nenhuma nova entrega seria feita.
A Rússia instruiu os compradores de seu combustível nas "nações hostis" a abrir contas em euros e rublos no Gazprombank da Rússia. Os pagamentos do gás iriam para a conta em euros e posteriormente o banco os trocaria por rublos, só então o pagamento seria considerado completo. Muitos Estados da UE rejeitaram o esquema, mas a Hungria concordou em cumprir as novas regras.