Na última quinta-feira (14), a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, apresentou uma análise do impacto do conflito na Ucrânia sobre a economia mundial.
"Felizmente, para a maioria dos países o crescimento vai ficar do lado positivo", afirmou a diretora, sublinhando que o conflito vai "contribuir para rebaixar as projeções deste ano para a economia de 143 países, representando 86% do PIB global". Georgieva acrescentou ainda que o FMI projeta uma queda no crescimento global para 2022 e 2023.
"Para simplificar: estamos enfrentando uma crise em cima de uma crise", disse a autoridade antes das reuniões de primavera de 2022 do FMI e do Banco Mundial, agendadas para a próxima semana. A chefe do FMI observou que as consequências econômicas do conflito Rússia-Ucrânia se espalharam de forma "rápida e distante", "atingindo com mais força as pessoas mais vulneráveis do mundo".
Como consequência, a crise elevou os preços da energia e dos alimentos e fez com que a inflação atingisse patamares elevados nas principais economias do mundo, prejudicando centenas de milhões de famílias que já lutavam com renda mais baixa e preços mais altos, ameaçando aumentar ainda mais a desigualdade, disse ela.
Para enfrentar esses desafios, os países devem estar preparados para usar todo o conjunto de ferramentas disponíveis, que vão desde estender os vencimentos da dívida e usar a flexibilidade da taxa de câmbio até intervenções cambiais e medidas de gestão de fluxos de capital, acrescentou.
O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou no dia 24 de fevereiro o lançamento de uma operação especial militar na Ucrânia em auxílio às repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, reconhecidas por Moscou como Estados soberanos, contra as agressões do regime de Kiev.
Um dos objetivos fundamentais desta operação, segundo Putin, é a "desmilitarização e desnazificação" da Ucrânia. De acordo com o Ministério da Defesa russo, os ataques da operação têm como alvo apenas a infraestrutura militar ucraniana e não são dirigidos contra instalações civis.
Em resposta à operação de Moscou, os EUA decidiram implementar a bateria de sanções mais dura já vista contra a Rússia. Biden e seus aliados, como os Estados-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), instaram a UE e o resto do mundo a potencializar tais sanções aderindo ao modelo de "guerra híbrida" adotado pelos norte-americanos. Embargos e proibições foram adotados nos mais diversos setores com o objetivo de estrangular a economia russa. As reservas internacionais do país foram congeladas e investimentos interrompidos. As sanções, entretanto, tiveram reflexos em outros setores como esporte e cultura, e ainda através da censura aos meios de comunicação do país no Ocidente.
Além disso, as sanções intensificaram a crise energética da União Europeia, que mesmo advertida por Pequim e Moscou, seguiu a liderança norte-americana no embargo às exportações russas no setor energético, afetando diretamente os preços do petróleo, do gás natural, dos alimentos e elevando a inflação nas principais economias em todo mundo.