A política de asilo da União Europeia sofre de um duplo padrão racista, de acordo com o Papa Francisco, que deu uma entrevista ao canal RAI.
"Os refugiados são divididos em primeira e segunda classe, segundo a cor da pele, do país de que vêm, se a nação é desenvolvida ou subdesenvolvida. Somos racistas! E isso é mau", disse o sumo pontífice, citado pelo RAI na sexta-feira (15).
O Papa Francisco argumentou que isso é devido à forma como vários países aceitaram na Europa de braços abertos os refugiados ucranianos, ao mesmo tempo que são adotadas medidas para evitar a chegada de pessoas vindas de outras partes do mundo.
Durante a primeira semana da operação militar especial da Rússia na Ucrânia, Kiril Petkov, primeiro-ministro da Bulgária, declarou que os ucranianos "são europeus", pessoas "inteligentes e educadas", e "não são os refugiados aos que estamos habituados", em referência aos migrantes e deslocados do Oriente Médio e de África.
No início de março, Santiago Abascal, líder do partido Vox, em Espanha, disse que os ucranianos "são sim refugiados de guerra" e "devem ser acolhidos", rejeitando as "invasões" de muçulmanos. Um sentimento semelhante foi proferido por André Ventura, líder do partido Chega em Portugal, que declarou que "somos completamente contra gente que vem do Bangladesh, do Nepal, de uma série de outros países que nada têm a ver com esta guerra [...], [que] vem da Ucrânia, mas [...] são de outros países, não são ucranianos".
Já a Dinamarca, que tem uma política de asilo dura, incluindo a deportação de solicitantes sírios para um país fora da Europa, adotou no final de março com urgência uma legislação especial que concede aos refugiados ucranianos asilo, trabalho, reagrupamento familiar e educação.